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Polícia Civil identifica dois suspeitos pela morte de professores no norte do RS

Os investigadores agora buscam identificar um terceiro suspeito. Ele seria o motorista do carro da fuga após o crime

Dois suspeitos por morte de professores no norte do RS são identificados (Foto: João Victor Lopes / Rádio Uirapuru / Reprodução / Correio do Povo)
Dois suspeitos por morte de professores no norte do RS são identificados (Foto: João Victor Lopes / Rádio Uirapuru / Reprodução / Correio do Povo)

Dois suspeitos de envolvimento no assalto a um hotel em Monte Castelhano, no norte do Estado, foram identificados pela Polícia Civil. O crime ocorreu na madrugada de quinta-feira (25) e acarretou na morte de dois professores da Universidade de Santa Maria (UFSM). Os suspeitos seriam moradores da região norte, mas sem experiência em assaltos do tipo. A polícia agora trabalha na identificação de um terceiro envolvido. O homem seria o motorista do carro usado na fuga.

O subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Douglas da Rosa Soares, afirma que foram instaladas barreiras em rodovias da localidade, em uma tentativa de capturar os suspeitos. Ele também destaca a aparente inexperiência dos criminosos, que tentaram transferir valores com o Pix da proprietária da hospedagem, sem sucesso. Mesmo assim, ainda há rastro eletrônico da movimentação.

Falta de experiência

Outra característica de amadorismo estaria no desfecho do crime. De acordo com o coronel, os bandidos teriam perdido o controle sobre a situação em uma possível ação abrupta, o que teria resultado na morte dos professores.

O que surpreende é a violência dos assaltantes. Talvez eles sejam sociopatas ou simplesmente não tenham experiência com esse tipo de ação. Estou inclinado a crer na segunda opção. Isso porque os disparos contra os professores indicam que os criminosos foram surpreendidos com a reação dos reféns. Possivelmente eles ficaram com medo de perder o controle da situação e, sem saber como deveriam agir, acabaram atirando e depois fugiram”, considerou Douglas.

De acordo com as forças de segurança, a análise de depoimentos das testemunhas, que por vezes são conflituosos, tem sido um obstáculo na investigação. Além disso, a falta de uma ata de registros de hóspedes, bem como de câmeras de segurança no hotel e nas redondezas, também dificultam as investigações.

Os depoimentos das vítimas são conflituosos, o que é compreensível frente a um caso como esse. Cada uma diz uma coisa. Houve relatos que a proprietária havia sido sequestrada pelos criminosos, o que não aconteceu. Também dificulta o tempo decorrido entre os fatos, que ocorreram próximo às 4h11, e o tempo em que a guarnição foi acionada, sendo cerca de meia hora após a fuga dos suspeitos. Como se não bastasse, o local é distante de cidades maiores e não há câmeras ali. Por isso, temos priorizado o uso do serviço de inteligência para rastrear os fugitivos”, complementou o coronel.

Professores teriam reagido

O chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré, descarta que os suspeitos fossem parte de uma quadrilha ou que ocupassem uma posição importante no crime organizado, apesar da presença de antecedentes criminais. Ele também afirma que a tragédia pode estar relacionada com um possível amadorismo dos criminosos diante do esboço de ração dos reféns.

Sodré confirma que um dos professores teria sido baleado e morto após uma luta corporal com um dos assaltantes. Ao ver o colega ser ferido, o outro docente ainda teria tentado reagir, mas também acabou sendo assassinado a tiros.

“Acredito que a reação dos professores tenha sido semelhante a um instinto paternal em relação aos alunos. Provavelmente, o objetivo deles era proteger os estudantes que também foram feitos reféns. Já a atitude dos criminosos frente a isso foi disparar contra os docentes, o que pode demonstrar falta de prática para conter situações como essa”, avaliou o chefe da Polícia Civil.

Confira os detalhes sobre o crime aqui

Quem eram os professores

Felipe Turchetto, 35 anos, era professor adjunto no Departamento de Ciências Florestais na UFSM. O velório dele ocorreu na capela de Linha Zanatta, em Taquaruçu do Sul. O sepultamento foi às 17h, no mesmo local.

Fabiano de Oliveira Fortes, 46 anos, professor Associado I da instituição. Ele foi velado no Salão Imembuí, no prédio da Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria, até o final da manhã. Depois, houve cerimônia de cremação.