O crescimento maior da economia no segundo trimestre deve ajudar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita a recuperar o patamar pré-pandemia ainda no fim de 2022, estima a pesquisadora sênior da Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e coordenadora do Boletim Macro Ibre, Silvia Matos.
O alívio, no entanto, deve ter fôlego curto, já que o ano de 2023 será de queda do PIB, o que significará que o ano encerrará com PIB per capita novamente abaixo de 2019.
Pelas contas de Silvia, o PIB per capita deve fechar 2022 com crescimento de 1,3% em relação a 2021, a R$ 41.210, considerando preços de 2021. Com isso, ficará 0,3% acima do patamar que estava em 2019. O cálculo considera alta de 2% do PIB este ano e crescimento de 0,7% da população. Para 2023, ela estima recuo de 0,4% do PIB brasileiro, o que significa que o PIB per capita voltará a ficar abaixo de 2019 (-0,8%).
Para além da dificuldade recente, os números mostram que o PIB per capita ainda está distante do observado em 2013, antes da queda no triênio 2014/2015/2016 provocada pela recessão da economia brasileira naquele momento. E, pelas projeções até 2024, ainda não terá recuperado este patamar. Confirmado o cenário do FGV Ibre, encerraria 2024 ainda 6% abaixo de 2013. Ao fim de 2022, o PIB per capita ficará 6,5% abaixo de 2013.
“O que se vê é um vaivém de PIB, acelera e depois perde. O crescimento do PIB per capita acaba não se sustentando no ano que vem”, afirma.
A expansão de 1,2% do PIB no segundo trimestre motivou a revisão da projeção do indicador, que é a base para a projeção do PIB per capita, de 1,7% para 2% em 2022. A estimativa é que o PIB per capita tenha crescido 1,02% no segundo trimestre de 2022, segundo ela. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não calcula o PIB per capita trimestral, só anual.
O PIB per capita é calculado a partir da divisão de uma economia pelo tamanho da sua população. A ideia seria relacionar o crescimento de um país com a riqueza de seus habitantes e servir como referência para padrão de vida da população, só que tem limitações, especialmente em países com desigualdade elevada, como o Brasil. Isso porque o número representa uma média e não contempla os extremos de renda de um país. Assim, o indicador acaba funcionando principalmente para comparações entre países.
*Fonte O Sul