O delegado Cleyber Lopes, da Polícia Federal (PF), responsável pelo inquérito que apura o envolvimento do presidente Michel Temer no suposto pagamento de propina para a edição do decreto dos portos, pediu nesta terça-feira, dia 20, ao Supremo Tribunal Federal (STF) mais 60 dias para ampliar as investigações.
A decisão sobre a ampliação do prazo para a conclusão do inquérito cabe ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso no STF, e será fundamental para o esclarecimento das denúncias. No final de janeiro, peritos da Polícia Federal sugeriram ao delegado que peça a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos investigados, inclusive do presidente.
O inquérito é pivô do episódio em que o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, afirmou em entrevista a uma agência de notícias que não havia indícios de crimes cometido por Temer e indicou que a PF iria pedir o arquivamento das investigações, que rendeu uma intimação de Barroso e a desculpa de que foi “mal interpretado”.
De acordo com as investigações, Temer teria recebido propina para a edição de um decreto que beneficiaria a empresa Rodrimar, que atua no porto de Santos (SP). Tanto o presidente quanto a empresa negam as acusações.
O inquérito, aberto em maio do ano passado com base nas delações de Joesley Batista, dono do grupo J&F, e de Ricardo Saud, ex-executivo do grupo, ouviu novamente os delatores na semana passada para aprofundar detalhes da investigação.
No depoimento, Joesley teria dito que fez um gesto que significava dinheiro, esfregando os dedos, ao perguntar a Temer se “todos os assuntos” poderiam ser tratados com Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente que ficou conhecido por ter sido filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil da JBS. Temer teria respondido que Rocha Loures era homem de sua confiança.