A Polícia Federal (PF) aponta que o presidente Michel Temer recebeu R$ 31,5 milhões em propina por participar de uma organização criminosa formada por políticos do PMDB que agia na Petrobras e no governo. O relatório serve de base para a segunda denúncia do Procurador-Geral da Repúiblica (PGR), Rodrigo Janot, contra Temer.
O inquérito, concluído na segunda-feira, dia 11, apresenta indícios da prática de crimes por Temer e demais integrantes do chamado “grupo do PMDB da Câmara”. De acordo com as investigações, o grupo seria composto pelos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da secretaria de Governo, Moreira Franco, além dos ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
A PF concluiu que os investigados tinham poder sobre os demais participantes do grupo e tinham capacidade para repartir o dinheiro obtido através de práticas ilícitas. Para a polícia, a cúpula do PMDB tinha o objetivo de “obter, direta e indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública direta e indireta”.
O inquérito, que será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusa o grupo de crimes de corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e evasão de divisas.
Negação
O presidente Temer rebateu as acusações através de uma nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, que garante que Temer “não participou e nem participa de nenhuma quadrilha” e que não integrou qualquer grupo para obter “vantagens indevidas em órgãos da administração pública”.
A assessoria do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, informou que ele só irá se pronunciar “quando e se houver acusação formal contra ele que mereça resposta”.
Também por meio da assessoria de imprensa, o ministro Moreira Franco afirmou que jamais participou de qualquer grupo para a prática de ato ilícito e garantiu que responderá “de forma conclusiva quando tiver acesso ao relatório do inquérito.
Henrique Eduardo Alves se limitou a dizer que “a tentativa de criminalizar a atividade política enfraquece a democracia e a sua inocência será provada ao longo do processo”, e as defesas de Geddel e Cunha não se manifestaram.
Presos
Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima estão presos após investigações da Operação Lava Jato. Cunha está preso em Curitiba, por ordem do juiz Sérgio Moro, desde 19 de outubro de 2016. Em março de 2017 foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas e, em 18 de maio de 2017, teve novo mandado de prisão expedido pela Justiça.
Eduardo Alves foi preso preventivamente no dia 6 de junho de 2017 pela Polícia Federal na Operação Manus, que investigava corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima voltou a ser preso, na última sexta-feira (8), em Salvador, três dias após a Polícia Federal encontrar mais de R$ 51 milhões, atribuídos a ele, em um apartamento. Anteriormente, ele havia sido preso preventivamente no dia 3 de julho de 2017, na Operação Greenfield, que investiga desvio de fundos de pensão.