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Pesquisas apontam dados de epidemia de HIV no Rio Grande do Sul

Evento foi realizado no Hospital Moinhos de Vento.

Pesquisas apontam dados de epidemia de HIV no Rio Grande do Sul

Foram apresentados, nesta quinta-feira (15), os resultados do Projeto Atitude, estudo conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), com o objetivo de mapear as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) no Estado. Ao todo, 56 municípios escolhidos por sorteio participaram da pesquisa que mapeou o comportamento, as práticas e as atitudes da população em relação às ISTs.  

A pesquisa também permitiu avaliar a prevalência do vírus HIV, da sífilis e das hepatites B e C no Rio Grande do Sul.  O projeto realizou uma série de visitas pelos principais municípios para recrutar voluntários. Além de responder aos questionamentos, os 8,5 mil participantes foram testados para HIV, sífilis e hepatites B e C.  

Os dados coletados pelo estudo apontam que os casos de HIV têm prevalência em cidades da Região Metropolitana. A análise das macrorregiões de saúde mostrou que a prevalência do vírus HIV caracteriza uma epidemia generalizada, isto é, quando a transmissão ocorre pela população em geral, não apenas em grupos definidos como vulneráveis. Já a sífilis apresenta taxas elevadas em todas as regiões, o que reforça a importância de ações de conscientização.  

Na ocasião, a infectologista  Maria Letícia Ikeda, representando a Secretaria Estadual da Saúde, participou da mesa redonda “Outras Pesquisas sobre HIV, Sífilis, IST e Hepatites B e C – situação destes agravos no país”, na qual apresentou três projetos.   

O primeiro deles foi o Parturientes RS, realizado em parceria com a Universidade de Caxias do Sul e o Departamento de Doenças de Condições e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), Ministério da Saúde (DIAHV/MS). A pesquisa retratou os índices de HIV e sífilis em parturientes residentes no estado e atendidas em maternidades do SUS, fornecendo dados às macrorregiões que subsidiarão a resposta aos altos números de infecção.  

Outro estudo foi a Iniciativa Brasileira de Descentralização do Cuidado a Doença Avançada por HIV, realizado por meio de parceria entre a Unisinos, a Associação Hospitalar Vila Nova, o Clinton Health Acces Iniciative a Prefeitura de Porto Alegre. Busca desenvolver modelo descentralizado de atenção ao HIV em Porto Alegre e região metropolitana, visando a melhoria do acesso ao diagnóstico e tratamento oportunos.  

O terceiro estudo, denominado Vinculação e retenção de pessoas com HIV em serviços públicos de saúde, em parceria com a AIDS Healthcare Foundation (AHF): análise das barreiras de acesso, dos perfis de vulnerabilidade da vinculação e de diferentes padrões de retenção. 

Em complementação aos dados apresentados pelas duas colegas de mesa, Eliana Márcia Da Ros Wendland — investigadora principal do Projeto Atitude e Maria Clara Gianna Garcia Ribeiro, coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis – DATHI/SVSA/MS, Letícia Ikeda defendeu os investimentos em educação, comunicação e execução de políticas públicas para o combate ao HIV no Rio Grande do Sul. “É uma meta que consta no Plano Plurianual do Estado. O enfrentamento desta epidemia envolve muita parceria intersetorial, necessidade de controle da população em geral para evitarmos o atual cenário de diagnósticos com doença avançada”, reforçou a infectologista.  

“O HIV representa uma infecção de determinação social, ainda envolta em preconceitos, apesar de termos medicamentos eficazes e serviços atentos. Precisamos seguir avançando nas pesquisas e expandir para ciências sociais buscando melhores explicações para os dados apresentados. É um compromisso do governo do estado: nós não vamos deixar ninguém para trás”, completou.  

Entre as ações e estratégias de enfrentamento estão a criação de Comitê Executivo Intersetorial, coordenado pela Secretaria da Saúde e composto por departamentos da SES e representantes da sociedade civil. Um dos objetivos é a eliminação da transmissão vertical HIV e sífilis, prevenção de novas infecções, redução da mortalidade e fortalecimento da sociedade civil.