Comportamento

Pesquisa inédita detalha perfil da tropa da Brigada Militar no RS

Pesquisa inédita detalha perfil da tropa da Brigada Militar no RS

Considerado extremamente importante e com resultados satisfatórios, os dados quantitativos do 1º Censo da Brigada Militar foram finalizados e apresentados nesta quinta-feira (17). O estudo, pioneiro entre as Polícias Militares do Brasil, teve como objetivo conhecer o perfil da família Brigadiana, a fim de fomentar e induzir políticas públicas e assistenciais para melhoria das condições de trabalho, qualidade de vida e valorização profissional. Ao todo, 17.952 pessoas participaram da pesquisa, o que corresponde a 100% do contingente da Corporação.

Para a realização, o projeto foi dividido em três partes, seguindo um sistema censitário, com metodologia semelhante à do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A primeira, para tratar do desenvolvimento do estudo e métodos de aplicação. Após, coletas de informações foram realizadas em todos os quartéis da Brigada Militar no estado, entre os dias 1º de setembro e 23 de outubro. Por fim, uma análise criteriosa das respostas foi executada.

O Comandante-Geral da Brigada Militar, Coronel Rodrigo Mohr Picon, enfatizou o trabalho realizado pelo Departamento Administrativo da Instituição, destacando-o como fundamental.

“Ninguém pode se denominar Comandante se não conhece a sua tropa, se não sabe de suas necessidades, se não dialoga. O 1º Censo da Brigada Militar foi justamente o meio encontrado para conhecer os quase 18 mil servidores sob meu comando. O Departamento Administrativo da Brigada Militar, sob direção do Tenente-Coronel Gonçalves, realizou esse trabalho trazendo à tona quem é a nossa tropa, o que pensa, o que carece, nos indicando quais os caminhos que devemos tomar para oferecer o melhor para esses homens e mulheres que diariamente arriscam suas vidas na proteção da sociedade gaúcha”, pontuou.

De acordo com a análise, 84% da tropa é composta por homens e outros 16% por mulheres. Destes quase 18 mil integrantes, 80,1% se autodeclararam brancos, enquanto 19,7% disseram ser negros ou pardos, média superior se comparado à formação da população negra no Rio Grande do Sul, que é de 17,3%, segundo aponta o IBGE.

O restante, 0,2%, foi dividido entre amarelo e indígena (0,1% para cada). Outro dado relevante é que a Brigada Militar não tem somente gaúchos em sua Corporação. Conforme o estudo, 5% são naturais de outros estados, como Amazonas, Bahia e Rio de Janeiro, o que representa cerca de 900 pessoas.

Em relação ao contentamento com a Instituição, a grande maioria disse estar satisfeita com a jornada de trabalho (74,6%), assim como com o salário recebido (54%). No entanto, um total de 77% dos respondentes expressaram-se como insatisfeitos ou muito insatisfeitos quanto ao plano de carreira atual. Ainda assim, o índice de reconhecimento da Brigada Militar segue alto, com 11.282 (63%) servidores afirmando se sentirem valorizados.

O estudo também abordou o vínculo dos Policiais Militares e servidores civis da Instituição. A grande maioria do contingente é de Soldado (12.385), seguido por 2º Sargento (1.814) e Soldado-Aluno (893). Os resultados da análise também revelaram que 67% da tropa possui menos de 15 anos de serviço e que 77% pretendem seguir atuando futuramente na Brigada Militar.

Entre os dados analisados, a pesquisa ainda se certificou da parte operacional de seus integrantes. Para isso, os questionou quanto às situações delicadas no ambiente de trabalho. Cerca de 6.894 (38,4%) afirmaram ter sofrido agressão física e/ou psicológica durante o serviço ou na folga. Outros 9.753 (54,8%) também disseram já ter sido vítimas de ameaças enquanto realizavam funções militares ou no período de descanso. Além disso, mais da metade da tropa (56,2%) já se envolveu em confronto armado, mas somente 46,5% deste total foram feridos durante o atendimento de alguma ocorrência.

“Não buscamos apenas elogios, queríamos sobretudo as críticas. Elas nos fazem olhar para dentro e quando analisadas de forma madura, nos fazem crescer. Temos que trabalhar, melhorar, ouvir as pessoas, ouvir especialistas e a sociedade. O que nos resta agora é estudar o censo, entender nossas forças, mitigar nossas fraquezas, ouvir cada vez mais os brigadianos e em ato contínuo, propor, fomentar e induzir políticas públicas de valorização profissional e melhoria da qualidade de vida”, conclui o Tenente-Coronel.

Agora, em decorrência do estudo realizado, a Brigada Militar irá analisar os dados, publicar a pesquisa qualitativa e integrá-los com o RHE (Recursos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul). Por fim, a Instituição ainda tem a ideia de desenvolver, seguindo os mesmos padrões utilizados nesta edição do projeto, o Censo do efetivo da Reserva Remunerada, que buscará integração com a prova de vida anual.