Agro Rural

Perdas com a estiagem somam quase R$ 6 bilhões no Rio Grande do Sul

212 municípios já decretaram situação de emergência devido a seca

Perdas com a estiagem somam quase R$ 6 bilhões no Rio Grande do Sul
Foto: Emater/RS

As perdas econômicas causadas pela estiagem no Rio Grande do Sul já somam quase R$ 6 bilhões. Os dados foram apurados pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) junto a 123 municípios gaúchos. Segundo a entidade, cerca de R$ 4,3 bilhões são referentes à agricultura, R$ 1,3 bilhão na pecuária e R$ 10 milhões em gastos com transporte de água pelas prefeituras. O levantamento foi feito com base nas informações coletadas no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), que indica cerca de 2 milhões de pessoas atingidas pela seca no Estado.

O contingente de prefeituras que noticiaram declaração de situação de emergência, contudo, aumentou desde sexta-feira e já soma 212, o que representa mais de 40% dos municípios gaúchos. Destes, 92 tiveram homologados os decretos pelo Estado e 57 foram reconhecidos pela União.

“A Famurs tem monitorado o avanço da estiagem e buscado agilizar junto ao Estado a concretização dos convênios do Programa Avançar para a construção de cisternas, perfuração de poços e abertura de microaçudes nos municípios, que visam reduzir os efeitos cíclicos que a La Niña impõe aos nossos produtores. Precisamos modernizar as políticas públicas de mitigação dos efeitos dos períodos de estiagem, cada vez mais frequentes e intensos, por meio da criação de uma plataforma para operacionalizar os programas e de linhas de crédito para sistemas de reservação de água e irrigação”, defendeu o presidente da Famurs, Paulinho Salerno.

 

Estiagem avança e amplia perda de milho, soja e leite

A estiagem que assola o Rio Grande do Sul já causa prejuízos a 56.773 produtores de milho e 18.523 de milho silagem, de acordo com levantamento da Emater/RS-Ascar. Das regiões monitoradas pela empresa, as mais afetadas são as de Santa Maria (Centro-Oeste), Frederico Westphalen (Sul), Santa Rosa e Ijuí (Noroeste), onde as perdas nas lavouras, em média, vão de 40% a 50% da produção esperada para a safra 2022/2023, segundo o extensionista rural Elder Dal Prá. Até esta semana, a falta de chuva também impactava 35.354 sojicultores e 12.878 produtores de leite. No caso do milho, a colheita já foi concluída em 27% das áreas, mas, até o momento, a situação das lavouras não reflete um quadro homogêneo, explica Dal Prá.

“Como as precipitações foram irregulares no Estado, em alguns municípios a perda é ainda maior”, afirma. Os municípios de Manoel Viana e em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, por exemplo, contabilizam quebra de 75%. Apesar dos prejuízos já consolidados e, portanto, irreversíveis, o futuro da safra do cereal dependerá do retorno da chuva, avalia o extensionista. “Em algumas regiões do Estado, como a nordeste e parte da norte, as precipitações vêm ocorrendo. Temos a possibilidade de boa produtividade. Se não chover, outras regiões podem ser afetadas”, diz.

Segundo Dal Prá, os prognósticos climáticos indicavam chuvas dentro da média para o mês de janeiro, o que não se concretizou. As altas temperaturas desta semana são um fator de preocupação especialmente para a cultura da soja.

“Se tivermos precipitações regulares em fevereiro, em todas as regiões, ainda temos a perspectiva de uma safra melhor do que a última”, observa o extensionista.

Em Tupanciretã, que soma em torno de 140 mil hectares plantados com soja, os prejuízos até o momento estão estimados em 35% da produção, segundo a presidente do Sindicato Rural do município, Julieta Lopes. Como há expectativa de retorno da chuva, a orientação da entidade é que os agricultores não abandonem as lavouras e, se possível, implantem variedades de ciclo longo.

Em todo o RS, 98% das áreas de sojicultura já foram semeadas. Conforme informativo conjuntural da Emater/RS-Ascar divulgado ontem, os prejuízos com a oleaginosa chegam a 35% em Manoel Viana, 30% em Hulha Negra e Itacurubi, 20% em Alegrete e em Maçambará e 15% em São Gabriel. Na regional de Bagé, a cultura ainda está menos afetada. Porém, com a evolução das lavouras para a fase de floração, já são estimadas perdas em praticamente toda a região.