Pelo menos cinco gaúchos estão na lista dos brasileiros que tiveram a cidadania italiana cancelada após a comuna de Ospedaletto Lodigiano, no Norte do país, anular todos os registros provenientes do Brasil. São quatro moradores da capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, e uma residente na cidade de Lajeado.
Na lista, há mais de 400 nomes de pessoas residentes na cidade de São Paulo; 18 no Rio de Janeiro; 44 em Belo Horizonte; 30 em Curitiba; 39 em Campinas; 15 em São Bernardo do Campo, entre várias outras cidades. Alguns conseguiram obter o atestado de residência em Ospedaletto Lodigiano sem sequer ter pisado na comuna.
Um dos brasileiros que perdeu o direito à cidadania é o pré-candidato do Partido Novo ao governo de Minas Gerais, Romeu Zema Neto, de 53 anos.
De acordo com as investigações, uma empresa contratada por brasileiros pagava propina a funcionários públicos da cidade para que o processo fosse agilizado e a residência no país fosse atestada de forma irregular através da comprovação da residência ao menos temporária. No dia 8 de fevereiro, dois brasileiros colaboraram com a Justiça e foram a julgamento. Segundo a sentença, Wellinton Girotto foi condenado a três anos e seis meses de prisão, e Mariane Baroni, a dois anos e seis meses. Ambos confessaram os crimes. No dia seguinte, a comuna anulou os registros.
A cidade, próxima a Milão, que tem 1.574 moradores, tinha 1.118 brasileiros inscritos como residentes e, segundo a prefeitura, as cidadanias foram concedidas sem os brasileiros de fato residirem ali. A residência é obrigatória para quem decide pedir, na Itália, o reconhecimento de sua cidadania pelo critério de descendência direta. O cancelamento foi informado no dia 9 de fevereiro e ocorreu menos de um mês antes das eleições legislativas, realizada neste domingo, dia 4 de março.
A Itália é um dos países mais procurados por brasileiros para obter a dupla cidadania. Quem é filho ou neto de italiano pode requerer o documento no consulado do país no Brasil, mas, devido à grande procura, o processo tem demorado anos, o que fez com que muitos brasileiros tenham entrado com o pedido de cidadania diretamente na Itália. Lá, não se exige um tempo mínimo de permanência na Itália, bastando apresentar o registro de um endereço.