Política

PDT confirma pré-candidatura de Jairo Jorge ao governo do RS nesta quinta-feira

PDT confirma pré-candidatura de Jairo Jorge ao governo do RS nesta quinta-feira


O ex-prefeito de Canoas Jairo Jorge deve ser o primeiro pré-candidato definido por um partido para disputar a sucessão de José Ivo Sartori ao gobverno do Rio Grande do Sul em 2018. O nome do ex-petista deve ser confirmado na pré-convenção que o Partido Democrárico Trabalhista (PDT) realiza nesta quinta-feira, dia 5. A definição de sua candidatura vem sendo trabalhada no partido desde que deixou o PT em dezembro de 2016.

Para Jorge, a definição de sua candidatura pelo PDT um ano antes das eleições facilita a interlocução com outros partidos para a composição de alianças e indica a maturidade da escolha. “Entendemos que é necessário começar antes a campanha. Uma campanha mais longa é uma campanha em que nós podemos fazer o corpo a corpo; é uma campanha feita corretamente. Quanto menor for a campanha, mais custa, e mais abre espaço para coisas erradas”, acredita.

Pedetista Jairo Jorge será o primeiro pré-candidato definido ao governo gaúcho (Foto: divulgação)

Jairo Jorge afirma que o gaúcho cansou da polarização e quer um governo de união. Para ele, a proposta do PDT será a composição de uma aliança de centro-esquerda, envolvendo o PSB e partidos como o Solidariedade. “O Rio Grande do Sul está cansado dessa polarização, está cansado de chimango e maragato”, afirmou.

O pré-candidato pedetista prepara uma mudança radical na gestão do estado, caso seja eleito em 2018. Para ele, as reformas propostas pelo atual governo são “cosméticas”, e não promovem uma verdadeira transformação. Ele defende uma gestão eficiente e resolutiva e, para isso, propõe enxugar a máquina pública, trabalhar com 10 secretarias e eliminar níveis hierárquicos na estrutura estatal. Além disso, Jorge aposta no crescimento, na eliminação da burocracia e nas parcerias público-privadas para garantir obras de infraestrutura.

 

ENTREVISTA Jairo Jorge, pré-candidato ao governo do RS

O Rio Grande está cansado de chimango e maragato”

Leouvê – Menos de um ano depois de entrar no PDT, o seu nome será homologado como candidato do partido. Desde o início do ano, o senhor faz uma peregrinação pelo estado.

Jairo Jorge – O Rio Grande tem muitas diferenças regionais, tem muitos Rio Grandes dentro do Rio Grande. Eu procurei, dentro destas 252 cidades que visitei, metade dos municípios do Rio Grande do Sul, me aprofundar, conhecer, e também mobilizar o meu partido, o PDT, que é um dos maiores partidos do Rio Grande. Tem mais de 730 vereadores, tem 141 cidades diferentes que o PDT administra no Rio Grande do Sul entre prefeitos e vices e, portanto, um partido com 270 mil filiados é um partido que tem uma grande capilaridade. Eu procurei reunir, são mais de oito mil lideranças com quem eu já tive a oportunidade de conversar, e também com a sociedade.

Jairo Jorge (Foto: Rogério Costa Arantes)

Leouvê – Porque lançar uma pré-candidatura a um ano das eleições é positivo?

Jairo Jorge – Vamos ser o primeiro partido no Rio Grande do Sul a escolher o nome para governador em 2018 porque entendemos que é necessário começar antes a campanha. Uma campanha mais longa, uma campanha em que nós possamos fazer o corpo a corpo, é uma campanha feita corretamente. Quanto menor for a campanha, mais custo ela tem, mais ela onera e mais abre espaço para coisas erradas, que hoje infelizmente estão enxovalhando o nosso país nos noticiários e em tudo que hoje é revelado.

Leouvê – Como será a campanha?

Jairo Jorge – Temos que fazer uma campanha de baixo custo, uma campanha pé no chão, com humildade, honestidade. Então, começar cedo nos proporciona isso, poder fazer a campanha olho no olho, gastando saliva e sola de sapato, como acontecia antigamente com Brizola, com João Goulart, Getúlio Vargas e Pasqualini.

Leouvê – Como o partido lidou com a disputa interna?

Jairo Jorge – Vieira da Cunha é um grande nome do PDT, assim como Romildo Bolzan e Fortunatti. Essa é uma decisão madura. O PDT é o partido mais organizado, e hoje tem apenas o meu nome, que será homologado, o que só aumenta a minha responsabilidade. Ser pré-candidato de um grande partido como o PDT aumenta a minha responsabilidade.

Leouvê – Como convencer os gaúchos que chegou a hora do PDT?

Jairo Jorge – Veja que, desde 1990, quando disputamos com Alceu Collares e ganhamos a eleição de Nelson Marchezan, o Rio Grande do Sul piorou, a situação degradou, e não melhorou. De lá pra cá, de 94 até agora, todas as eleições foram polarizadas entre o PMDB e o PSDB de um lado e o PT de outro. O Rio Grande do Sul está cansado dessa polarização, está cansado de chimango e maragato. A gente quer uma união, queremos que o conflito seja substituído pelo diálogo. Nós. É queremos fazer uma campanha propositiva, sem ataques. Não vamos atirar pedras nem no Sartori, nem no Tarso, nem na Yeda e nem no Rigotto. Vamos usar essas pedras para construir os alicerces do futuro que nós queremos. E o futuro que nós queremos é um futuro de desenvolvimento, de progresso, de crescimento, e não essa situação caótica que vive hoje o nosso estado.

Leouvê – Há uma crítica ao atual governo, do qual o seu partido fazia parte?

Jairo Jorge – Nós somos o 15º estado na educação. Já fomos os primeiros no passado, quando o Brizola construiu as brizoletas. A saúde hoje com problemas sérios, fechamento de hospitais, dificuldades. A segurança hoje vivendo a sua maior crise; Porto Alegre está entre as 50 cidades mais violentas do mundo. Isso mostra a gravidade. O crescimento das facções, o problema dos presídios, a superlotação, a questão da falta de policiamento nas pequenas cidades, os assaltos a bancos, tudo isso tomou conta das ruas do Rio Grande do Sul, a violência chegou. Então, nós temos três áreas que precisam de atenção. O Rio Grande do Sul precisa de atenção, precisa estar novamente em primeiro lugar, seja na nossa preferência, mas também na excelência. Hoje, nós não somos primeiro lugar em nada.

Leouvê – E qual a saída?

Jairo Jorge – É claro que nós entendemos que existe solução para o Rio Grande do Sul, e que ela passa por uma restruturação do estado. É necessária uma restruturação radical, não nos moldes que está sendo feito. O governo está fazendo uma mudança cosmética, na minha opinião. Não é uma mudança profunda e que vai trazer transformações. Nós precisamos ter um estado que seja eficiente, um estado que seja resolutivo, um estado que faça o que precisa ser feito, estradas, trazer segurança…

Leouvê – Mas como fazer isso com a crise?

Jairo Jorge – A crise é resultado também das escolhas que foram feitas, porque se combate a crise reduzindo as despesas, cortando onde tiver que cortar. Não tem sentido mais as secretarias que temos, não tem sentido. Eu penso que 10 estruturas seriam suficientes para administrarmos bem o estado. Ao mesmo tempo, temos que reduzir o custeio, focar nas três áreas essenciais, educação, saúde e segurança, e buscar o desenvolvimento. Não é só cortar, é crescer. O Rio Grande do Sul tem que crescer. Eliminar burocracias que faz demorar 900 dias para abrir uma empresa aqui enquanto que em Santa Catarina leva 90, e buscar parcerias com a iniciativa privada para termos investimentos na infraestrutura, estradas, energia e comunicações. Hoje, a estrutura é ineficiente. Temos que ter uma outra estrutura, com poucos níveis hierárquicos. Só três níveis; hoje, temos 10.

Leouvê – Caso o senhor seja eleito, que estado espera encontrar?

Jairo Jorge – Um estado com dificuldades, mas estou preparado e me preparando, buscando conhecer experiências positivas, porque outros estados também viveram a crise, mas estão saindo diferentes de nós; fizeram o tema de casa. Eu acho que um governador tem que ter o compromisso número um de pagar em dia o seu servidor. Não existe educação sem professor, e não existe segurança sem brigadiano e policial civil.

Leouvê – Seu histórico no PT e o fato de ter deixado a sigla a menos de um ano podem prejudicar sua campanha?

Jairo Jorge – Eu não enxergo isso. No PT tem pessoas sérias, pessoas corretas, que não estão misturadas com esses problemas. Eu fui militante, atuei no PT, acho que é muito deselegante das pessoas começar a atacar o seu passado. Eu desejo ao PT sucesso, que se recupere. Acho que é importante para o país que todos os partidos, seja o PSDB, seja o PT, o PMDB ou o PP, que são os quatro partidos que estão profundamente envolvidos neste momento, que eles se recuperem. A democracia precisa de partidos fortes. Eu fiz um divórcio amigável. As minhas ideias não cabiam mais dentro do PT. Eu estou em um novo momento e me encontrei dentro do PDT. Porque o ideário do PDT é muito mais próximo do que o que eu sempre pensei, do que sempre professei, das minhas ideias. Eu me identifico com o PDT, com o Brizola, que foi o governador mais inovador do Rio Grande do Sul e que sempre acreditou na educação. Eu me sinto em casa e fui muito bem acolhido, e para mim será uma honra ser pré-candidato desse grande partido que é o PDT.

Leouvê – Quais serão os seus aliados nessa caminhada?

Jairo Jorge – Nós queremos fazer uma aliança de centro-esquerda. Acredito que o PT terá o seu candidato e o PMDB terá o seu candidato. Nós respeitamos os dois partidos, mas vamos ter caminho próprio e não vamos estar na carona de ninguém. Vamos seguir a nossa trajetória junto com partidos como o PSB e outros, como o PR, o PCdoB, o PRB, o Solidariedade e o PPS.