Opinião

Prefeito de Bento bate na mesa tentando chacoalhar o time

Prefeito de Bento bate na mesa tentando chacoalhar o time

A segunda-feira de manhã costuma ser o dia mundial do mau humor. E parece que foi assim mesmo, neste clima pouco amistoso, que transcorreu uma reunião de emergência entre o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin e o primeiro escalão do Governo no início da semana.

Não se tem, ao certo, o teor inteiro do encontro. O que se sabe é que em outros tempos, talvez sob outros chefes de executivo, as reuniões com o secretariado e as cobranças eram semanais e havia dia certo para que ocorresem. Não é o que acontece neste momento. É mais fácil ver os secretários todos reunidos na Câmara em sinal de prestígio a algum um colega se manifestando, do que reunidos na sala do Prefeito. Portanto o que ocorreu na manhã de segunda- independente do ambiente, é fora da normalidade.

Tenho relato de duas fontes distintas de que houve socos na mesa, celular voando e voz prá lá de alterada. Na falta de maiores informações sobre o que teria motivado o encontro e o mal estar, arrisco um diagnóstico. Deve ter chegado ao prefeito Pasin a percepção que as pessoas estão tendo sobre o seu segundo governo. E não é boa.

A falta de dinheiro, o aperto nos cintos – uma realidade da maioria dos brasileiros – levam à descontinuidade de trabalhos e projetos e a uma sensação de vazio, de paralisia, de desassistência que deixa órfãos a todos.

Vamos a alguns exemplos: não há máquinas suficientes em condições de arrumar as estradas do interior, isto desde antes da safra maravilhosa de uvas que tivemos. Faltou manutenção; Na secretaria de esportes as coisas andam devagar, não há dinheiro para organizar campeonatos que não podem prescindir da contratação de arbitragens como sempre aconteceu; No meio Ambiente a lamentável situação do contrato para recolhimento do lixo, é o pior retrato possível, porque traz a impressão de falta de planejamento; finalmente, na saúde os cortes de médicos e fechamentos de postos somados a uma súbita crise no atendimento da UPA 24 horas na última quinta-feira, permitindo que pacientes ficassem muitas horas à espera de atendimento, foram uma espécie de gota d`água.

Ou seja – num resumo até grosseiro, admitamos – não há condições dignas de entrega da safra; não há lazer aos finais de semana porque não existem os campeonatos de futebol; um  atendimento à saúde que em nome da economia foi  precarizado e tudo isto coroado com lixo nas ruas por recolher.

Efetivamente, os relatórios contábeis do Executivo relativos ao primeiro quadrimestre do ano revelam as dificuldades enfrentadas. Houve cortes e contenções que possibilitaram um superávit rimário de 21 milhões de reais. Ou seja a prefeitura teve arrecadação crescente e poupou este valor, aí descontados os pagamentos de dívidas. Porque quando as incluímos a figura muda, o desencaixe foi negativo, na ordem de 28 milhões. É o passivo sendo posto em dia.

O desafio de Pasin e de seus secretários é mudar este quadro e mais do que isto, mudar a percepção das pessoas. Vai ter que fazer ver que os esforços na gestão eram necessários e que trarão benefícios não só à Prefeitura, mas aos cidadãos.

As constantes reuniões dos secretários de Saúde e de Segurança com moradores de bairros e distritos se configuram como um esforço louvável e digno. Mas não são suficientes se no dia a dia das pessoas a teoria não funciona.