A dedicação e a disciplina que um atleta de sucesso deve ter é algo muito difícil para grande maioria das pessoas atingirem. Treinos técnicos, físicos, táticos, e até a preparação do psicológico exigem muito do indivíduo. Respeitar essa rotina dentro da adolescência e ainda conciliar a escola diminui ainda mais a parcela de pessoas que são capazes de buscar a excelência esportiva. E, uma integrante deste seleto grupo é padelista Giulia Perusso Bettim, de 14 anos, que, nos próximos dias, representará Bento Gonçalves e o Brasil no Campeonato Mundial de Menores.
A competição, que inicia no próximo dia 20, na cidade de Torreón, no México, reunirá diversas seleções com seus principais atletas juniores de padel. Giulia é um destes talentos que disputará o torneio. Ela conseguiu sua vaga na seletiva realizada no início do ano e, agora, está preparando-se para buscar o título mundial vestindo a camisa da seleção brasileira.
Prestes a embarcar para esse desafio, Giulia conversou com a reportagem do Grupo RSCOM e refletiu sobre como é conciliar sua vida de atleta e estudante durante a adolescência, treinos com seu pai, a falta que ele fará durante a competição, e, sua preparação nesta reta final, prestes a entrar em quadra com o uniforme verde e amarelo.
Sobre estudar, treinar, e ser uma adolescente normal, que sai com os amigos, vai para festas e outras coisas que para muitos são comuns, ela afirmou que “não é uma tarefa fácil, mas eu tenho meu pai, minha família para me ajudar, fazemos uma organização semanal. Meus treinos já estão agendados normalmente, então eu consigo ter duas horas no dia para estudar. Todos os dias eu treino, então conseguimos conciliar, mas, às vezes, temos que deixar de sair para algumas festas, fazer algumas coisas com os amigos, por no outro dia ter treino ou ter jogos. Mas eu consigo conciliar bem com isso. Tem algumas coisas que eu ainda ‘fico assim’ de deixar de fazer, mas eu sei que é por uma coisa maior”.
Ter o pai como treinador é algo positivo, mas, quando o sangue sobe dentro de quadra – e em casa -, é necessário cuidar para que os papéis não acabem se misturando. Isso é algo que Giulia e seu pai, Juliano Bettim, aprenderam juntos ao longo dos anos e das competições.
“Eu acho que tínhamos muita dificuldade com o pai e o treinador. Ele sempre foi meu treinador, e as vezes ficávamos [divididos entre] meu pai, meu treinador, não conseguíamos conciliar bem essas duas figuras. Então acho que nesse último ano conseguimos ficar um pouco melhor, porque, começamos a fazer assim: O treinador fica em quadra e o pai fica em casa. Então conseguimos conciliar melhor essas duas figuras. E, também, estou treinando com outras pessoas, a Fernanda Abarzúa e o Juliano Bergamini, aqui de Bento, também está me ajudando bastante”, afirma.
Ela ressaltou que Juliano fará falta tanto quanto pai, como treinador, durante os dias que ficará no México. “Vai ser difícil ir para o México sem ele, com certeza, porque ele que sempre vai comigo para os torneios. Meu coach, meu treinador, então estaremos sempre em chamada de vídeo, com os aquecimentos, tudo. Então, eu vou sentir falta, com certeza, mas, ele estará lá.”
Por mais que esta não seja a primeira vez que ela jogará o Mundial de Menores, a jovem atleta ainda diz sentir aquela famosa sensação de “frio na barriga” antes mesmo da viagem. Em 2019, na Espanha, quando jogou o mundial pela primeira vez, ela acredita ter sido derrotada por si própria. Giulia crê que acabou não subindo ao lugar mais alto do pódio por conta da ansiedade de entrar em quadra e lidar com a vontade de vencer. Para o México, ela preparou não apenas o corpo, mas também, sua mente. “Antes eu ficava muito nervosa e isso acabava me prejudicando em quadra, então agora fazemos um trabalho psicológico aqui, semanal, isso me ajuda muito a conseguir conciliar tudo.”
Giulia embarca nesta quarta-feira (15) para o México e, na segunda-feira (20) entrará em quadra para disputa dos primeiros jogos. Quem desejar acompanhar os jogos e o dia a dia da padelista em Torréon, poderá fazê-lo através do Instagram @giubettim