Foi anunciado nesta quarta-feira (31), que partidos da oposição do Paraguai, apresentarão um pedido de impeachment contra o presidente, Mario Abdo, e o vice-presidente Hugo Velázquez, por conta do escândalo em torno de um polêmico acordo energético com o Brasil.
O acordo, que estabelece um cronograma para a compra de energia gerada pela hidrelétrica binacional Itaipu, não foi bem recebido entre os políticos e os parlamentares do país. O motivo disso é que o acordo elevará os custos para a empresa estatal de eletricidade do Paraguai em mais de R$ 200 milhões.
Mesmo tendo sido fechado em maio, este acordo só se tornou de conhecimento público na semana passada.
O processo de impeachment deve ser iniciado na Câmara dos Deputados, onde são necessários 53 votos para a acusação. A oposição só conta com 38 dessas posições, portanto a abertura do processo dependerá dos votos do Honor Colorado, que é um movimento dissidente do partido de governo liderado pelo ex-presidente Horacio Cartes.
Novo chanceler
O então ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Aberto Castiglioni, pediu demissão da pasta na última segunda-feira (29), também devido ao acordo de Itaipu. Nesta quarta-feira (31), Antonio Rivas assumiu o ministério.
Além do novo chanceler, também foi nomeado, nesta quarta-feira, um novo titular paraguaio de Itaipu, Ernst Bergen, cujo antecessor também pediu demissão na segunda-feira.
Rivas já anunciou que viajará ao Brasil na sexta-feira (2), para uma reunião com representantes do governo Bolsonaro, para cancelar o documento que causou tanta polêmica.
A hidroelétrica de Itaipu produz mais de 14 mil megawatts, sendo a segunda maior do mundo, atrás apenas da chinesa Três Gargantas. Por ser construída sobre o rio Paraná, que separa o Brasil e o Paraguai, o Brasil consome 93% da energia da usina, e compra o restante do Paraguai.
Segundo políticos paraguaios, essa energia sempre foi vendida a um preço ridículo e muito mais baixo do que o preço de mercado. Em 2023, finalmente o tratado de Itaipu será revisado por ambos os países, 50 anos após ter sido assinado.