Opinião

OPINIÃO: Até quando policiais vão morrer defendendo uma sociedade que os julga?

OPINIÃO: Até quando policiais vão morrer defendendo uma sociedade que os julga?

Três. TRÊS. 3. Sim. Três policiais militares morreram em um intervalo de 14 dias em Porto Alegre. Vítimas da violência que assombra a todos nós, todos os dias, em todos os cantos. E, eles ainda são julgados. Por quem? Pelas pessoas que precisam da proteção deles. Sejam Militares, Civis, Federais. Não importa. Todos são julgados. Seja por demorar no atendimento de uma ocorrência. Seja pela suposta truculência. Seja por qualquer motivo. Aliás: está escrito na tua testa que você é trabalhador ou bandido? Ninguém tem bola de cristal. Muito menos um PM, que nem salário em dia tem.

(Ah), mas eles deveriam evitar que as armas, que as drogas, que a violência atinja pontos vulneráveis das comunidades. Lhes pergunto; como? Com menos policiais nas ruas do que na década de 90? Vejam os números, segundo a Associação dos Oficiais da Brigada Militar: Anos 90 – Efetivo de 34 mil policiais para uma população de 8 milhões de habitantes. Em 2019, 9 mil PMs, para 11,5 milhões de residentes. Junta-se a isso os salários atrasados. Você sairia de casa, colocando sua vida em risco, sem saber quando vai receber?

“Polícia não deveria fazer blitz, deveria subir morro de favela”. Sim. Eles sobem. Perguntem aos familiares de Rodrigo da Silva Seixas, 32, e Marcelo Fraga Feijó, 30. Ambos, encorajados, foram averiguar uma ocorrência na Zona Leste da capital e não voltaram mais para as esposas e filhos, mães e pais.

Hoje, a Avenida Teresópolis, em Porto Alegre, foi palco da morte de mais um defensor da sociedade. Gustavo de Azevedo Barbosa Júnior, 26, perseguia, ao lado dos colegas brigadianos, um Fiesta preto que havia sido roubado por quatro bandidos. Ele foi assassinado dois anos e seis meses após entrar para a instituição que protege os gaúchos.

Do primeiro crime, os assassinos foram presos. Ficarão atrás das grades até quando? Os criminosos que mataram o jovem brigadiano Gustavo, também serão presos. É questão de tempo. Mas, até quando ficarão em uma cela abarrotada de presos? Até quando policiais vão morrer defendendo uma sociedade que os julga? Não sou hipócrita. Também há policiais ruins. Uma pequena parcela. Assim como há jornalistas ruins. Como há médicos ruins. Frentistas, vendedores, dentistas. A profissão não importa.

Apenas, não julgue.