Um esquema de tráfico de drogas interestadual com a utilização de transportadoras foi descoberto nesse final de semana pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil com a operação Via Expressa, deflagrada na BR 290, em Gravataí.
Na manhã desta segunda-feira (10), o delegado Gabriel Borges contabilizou mais de R$ 3 milhões de prejuízo ao crime organizado. Os agentes apreenderam 32 quilos de cocaína pura e 28 quilos de crack na cabine de uma carreta do Sedex dos Correios, que foi abordada na madrugada desse domingo perto do pedágio da freeway.
Residente em Curitiba, no Paraná, o motorista foi preso em flagrante. Ele ainda não tinha antecedentes transportadoras. “A participação da transportadora será investigada”, adiantou o delegado Gabriel Borges, mas frisando que preliminarmente não foi verificado “o conhecimento da empresa na prática criminosa”.
“A cocaína apreendida é de origem peruana e possui altíssimo grau de pureza, a qual submetida a processos químicos poderia render até cinco vezes a quantidade ao crime organizado”, observou o delegado Gabriel Borges.
“Todo esse crack poderia render mais de 150 mil pedras a serem vendidas pelas ruas da Região Metropolitana de Porto Alegre e Interior do Estado”, acrescentou. O delegado Gabriel Borges explicou que a investigação começou há 90 dias após uma série de grandes apreensões de drogas este ano no Vale dos Sinos durante as operações Satus, Sonitus e Reditus.
Os policiais civis verificaram que os entorpecentes chegaram ao RS por meio de veículos de transportadoras que efetuam transporte lícito de cargas diversas. “Com o avançar da investigação foi possível apurar que grupos criminosos gaúchos passaram a aliciar caminhoneiros para o transporte de entorpecentes dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina ao Rio Grande do Sul”, revelou. “A carga legal, transportada pelas empresas, permanecia separada no compartimento específico, mas os motoristas aliciados transportavam as drogas na cabine do motorista, de modo a não chamar a atenção”, constatou.
“A rota efetuada pelos motoristas também não era alterada, o que confirmava a atividade, em tese, lícita”, considerou. “A investigação apurou que o transporte da droga era efetuada de forma semanal, sendo aproximadamente meia tonelada de entorpecentes no mês”, afirmou.
Nessa final de semana, a equipe do Denarc recebeu a informação que uma carreta do Sedex faria uma entrega de crack em um posto de combustíveis perto do pedágio de Gravataí. O veículo suspeito foi então interceptado na rodovia. “O trabalho continua para mapear com detalhes o esquema de tráfico interestadual de drogas”, assegurou.
O diretor-geral do Denarc, delegado Carlos Wendt, destacou a importante apreensão realizada no feriadão de Páscoa, “evitando que uma grande quantidade de substâncias entorpecentes fosse distribuída em pontos de venda de drogas” no Rio Grande do Sul. Ele ressaltou o Disque-Denúncia 08000-518-518 para o recebimento de informações, mesmo anônimas.