Uma onda de calor intensa que se estabeleceu sobre o Rio Grande do Sul começa a impactar os níveis dos rios no Estado. Após um período de chuvas acima da média e altos volumes, que começou em setembro de 2023, os rios agora começam a demonstrar sinais de declínio. Na manhã de quinta-feira (8), o nível do Guaíba marcou 0,51 na estação do Cais Mauá, registrando uma queda em relação aos 0,72 de quarta-feira. A tendência, para os próximos dias, é que o declínio continue, uma vez que a falta de chuvas e as altas temperaturas também estão impactando os afluentes ao Guaíba.
Em comparação com o ano passado, a situação dos rios no RS, no mês de fevereiro, é menos grave devido à estiagem prolongada que estava assolando a região desde 2019. O hidrólogo da Sala de Situação do RS, Pedro Camargo destaca que houve uma boa recuperação dos aquíferos afetados pela estiagem, mas ressalta que o momento atual no Estado é de alerta.
A maioria dos rios monitorados pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado do Rio Grande do Sul apresentam níveis com tendência de estabilidade e declínio, com poucas estações na metade norte do estado apresentando pequenas elevações.
“Então a situação é ruim, a tendência é que vai reduzir mais também, porque a gente não tem perspectiva de chuvas volumosas e bem distribuídas no Estado na próxima semana e nos próximos meses a gente tem (previsão de) chuvas abaixo da média também”, analisou o hidrólogo.
O monitoramento hidrológico do RS indica que o Rio Taquari já está com níveis baixos, marcando 2,22 na estação Taquari nesta sexta-feira, em comparação com os 2,54 registrados ontem. O Rio Sinos, na estação São Leopoldo, também apresenta uma redução, marcando 0,85, enquanto ontem registrava 1,16. O Rio Cai já está em estado de atenção para estiagem, com uma marca de 0,68 na estação de Passo Montenegro, em comparação com os 0,95 de ontem. O Jacuí que é o maior afluente do Guaíba também apresenta níveis baixos, mas continua em níveis normais.
Camargo explica que a continuidade da onda de calor e a falta de chuvas volumosas contribuem para o declínio dos rios em um ritmo constante.
“Esse calor favorece a evaporação de água no Guaíba e os afluentes na mesma condição. É possível que nos próximos dias o nível do Guaíba entre numa situação um pouco mais crítica por conta da conjunção de fatores, calor elevado e a falta de chuvas que afetam toda a bacia também”, explicou Camargo.
De acordo com a Metsul Meteorologia, o calor intenso vai permanecer do Estado. Dados da estação do Instituto Nacional de Meteorologia do bairro Jardim Botânico, na zona Leste de Porto Alegre, mostram que todos os dias de fevereiro, até ontem, registraram temperaturas máximas acima da média máxima histórica mensal (série 1991-2020) de 30,5ºC. A temperatura média das máximas na primeira semana do mês ficou em 33,2ºC ou 2,7ºC acima da média histórica. A previsão a MetSul Meteorologia indica que Porto Alegre deve ter tardes muito mais quentes até a próxima semana. As marcas elevadas no fim de semana podem figurar entre as mais altas deste verão de 2024 na Capital.
Fonte: Correio do Povo