Opinião

O que queremos? para onde vamos?

O que queremos? para onde vamos?

A responsabilidade de quem escreve num órgão de comunicação é uma. A de quem escreve em redes sociais outra, ponto. Com isso não quero superestimar a missão do jornalista, nem menosprezar a opinião das pessoas. Afinal, o livre arbítrio é uma das premissas básicas da democracia – agora um lugar comum – até para defender uma intervenção militar que, se sabe, calará as pessoas.

É sobre fake news, paralisação de caminhoneiros, deturpação do movimento e saudosismo que pretendo falar. Quando iniciei o texto dizendo da responsabilidade do jornalista, era também um pedido de desculpas. Fiquei afastado deste espaço porque o momento é tão enigmático, a enxurrada de informações – falsas e verdadeiras – tamanha, que confesso: fiquei perdido. Como muitos, tentando entender o que se passa.

Pois, os caminhoneiros fizeram uma mobilização gigante. Pararam o país, encurralaram um governo que se mostrou inábil e insensível diante de avisos recebidos anteriormente. Conseguiram benefícios impensáveis em qualquer outro momento e ainda assim não voltam ao trabalho, não desobstruem as estradas. Quando se sabe que 70 milhões de aves já morreram por falta de ração milhões de litros de leite estão sendo postos fora é de se pensar primeiro na maldade e depois em quem cobrirá o prejuízo.

Diz-se que o movimento mudou de comando e de objetivo. Ora, derrubar Temer cinco meses antes da eleição é uma grande insensatez. Flertar com a intervenção militar um desatino. Nem mesmo Jair Bolsonaro concorda com isto. Não é sem razão que as pessoas estão cansadas da classe política. Mas imaginar que a solução esteja num golpe militar pressupõe ignorância (no sentido de não saber e não de ofender, por favor) e saudosismo.

Ainda ontem vi um programa sobre o craque Tostão jogando futebol nos anos 60. Era tudo tão diferente. Nesta época os militares mandavam. O telefone fixo com DDD (Discagem Direta a Distância) era uma modernidade e nem estava em todas as cidades. Telex era uma ferramenta útil. Ou seja, as comunicações eram analógicas e precárias. A censura não permitia que jornais expusessem qualquer opinião/informação que contrariasse os governantes, daí a ignorância sobre o que de fato acontecia.

Claro, tem gente que não tem o menor problema se houve tortura. O pensamento mágico diz que só foi ou será torturado quem procurou. Enfim, assunto espinhoso, melhor deixar pra lá. O fato é que vivemos a era digital, onde o whatsapp comanda mais do que os diversos sindicatos por trás desta paralisação. Isto parece comprovado, uma vez que nem cedendo o que talvez nem consiga honrar o Governo consegue resolver a situação.

Todos sabem que quem vai pagar a conta do diesel é o povo. Não há margem para reduzir o preço do gás ou gasolina e nós ainda vamos pagar o diesel. Mas o movimento era/é justo. Injusta é esta máquina cara e ineficiente que administra o país. Mas golpe nunca foi nem será solução.