Você já deve ter escutado falar de vinhos com ou sem passagem por barrica de carvalho, pois então aquelas barricas de carvalho, que por sinal também são chamadas de Bordalesas, são as responsáveis pelos vinhos mais encorpados, robustos e com maior longevidade.
Imagine que a madeira no vinho é como o sal na comida, as vezes é muito necessário, outras vezes temos que moderar e certas comidas nem precisariam de sal, pois ele pode tirar o sabor de outros temperos.
Certo, até aqui fácil, mas vamos entender a estrutura da madeira e o que ela traz ao vinho. A madeira tem os poros, os quais são ricos em taninos, assim como os taninos que tem na própria uva (ou na banana verde, deixando a boca áspera), os taninos da madeira polimerizam com os taninos do vinho e se isso acontecer por alguns meses, traz aromas e sabores de baunilha, cravo, noz-moscada, coco, caramelo, tostado, defumado, chocolate, café e etc. Mas que maravilha, com todos estes aromas e sabores nem parece vinho, parece um bolo ou uma sobremesa hehehe. Mas sim, o vinho pode nos remeter a todos estes aromas, isso depende de qual é a uva, de quanto tempo o enólogo deixou o vinho na barrica, e qual é o tipo de barrica (francesa, americana, e etc.), depende muito da tosta interna na barrica, se é baixa, média ou alta, pois isso muda a intensidade dos aromas e sabores. Também, se a barrica é de primeiro uso ou mais, isso ajuda a decidir a potência de estrutura.
Mas por que o enólogo usaria a barrica?
Alguns vinhos se beneficiam com a madeira, ficam mais potentes para ter uma vida mais longa dentro da garrafa, pois eles ganham estrutura. E também porque o vinho pode ficar mais elegante, mais redondo e agradável, alguns quando já fermentados no tanque permanecem com uma aspereza muito alta, as vezes até agressiva, e se deixado na madeira por um tempo, pode resultar num vinho mais equilibrado, redondo, com taninos macios e uma boa acidez. Mas por outro lado, tem vinhos que não caem bem na madeira, pois a madeira pode retirar todo o frutado que seria a característica principal de certas uvas, um exemplo delas é a uva branca Riesling, o vinho fica incrível se não for utilizada a madeira, pois exibe a vivacidade da fruta, e você degusta pensando no parreiral.
O detalhe é que a barrica de carvalho pode ser usada em vinhos brancos e tintos.
Como descobrir se você gosta de vinho com ou sem madeira?
Escolha um Chardonnay sem barrica, imediatamente você percebe a refrescancia da uva e até uma certa leveza de corpo, e aqui os aromas serão frutas brancas e cítricas (limão, toranja, pera, talvez maça verde). E depois, siga direto para um Chardonnay com madeira, onde você sentira a potência de corpo e cremosidade, trazendo aromas de baunilha, coco e uma fruta mais madura.
De um modo geral, o uso da madeira pode, melhorar ou esconder um vinho, tudo depende do estilo e o objetivo do enólogo com determinado produto. Pois não existe uma lei mundial para o uso do mesmo, então cada país, produtor ou região determina sua própria regra.
Cheers!!!