Uma defasagem do efetivo da Brigada Militar que afeta diariamente o policiamento ostensivo e prejudica o serviço ao ponto de inviabilizar o policiamento comunitário; a falta de policiais civis nas delegacias e os inquéritos que vão acumulando e deixando a possibilidade de punição ainda mais longe; a demora nas perícias que dificulta ainda mais as investigações da polícia e o colapso do sistema prisional são uma realidade que há anos vai alimentando o caos da insegurança no estado, e que agora começa a atingir um estágio insustentável também nas principais cidades da Serra Gaúcha.
Por aqui, tanto em Caxias do Sul quanto em Bento Gonçalves, convivemos com um efetivo policial que não chega à metade do número considerado ideal, tanto na Brigada quanto na Polícia Civil, e os três maiores presídios da região estão superlotados e alguns já nem podem mais receber presos.
O único aceno agora é a publicação do edital pra construção do novo presídio em Bento. Mas é coisa pra 2018, e enquanto isso, o risco é ter que conviver com delegacias abarrotadas de presos porque o sistema prisional está falido também por aqui, mesmo que o governo não queira admitir.
O certo é que o resultado disso tudo é que apesar de todo esforço e dedicação dos policiais, eles não conseguem atender uma demanda que cresce a cada dia, e tudo isso aumenta o sentimento de insegurança da população.
E o pior é que a gente não vê iniciativas concretas do governo pra reduzir essa sensação e efetivamente resolver esse problema que a cada dia é mais grave, com aumento dos homicídios e de outros crimes, como os roubos de carros e os assaltos aos pedestres.
A região tem cidades com maior incidência criminal, e caxias é o quarto município com mais roubos de veículos e latrocínios e é o segundo no estado no índice de furtos, mas mesmo assim, nenhum investimento vem pra cá.
Mas o que é ainda mais grave é que continuamos vivendo da esperança alimentada por promessas que nunca são cumpridas porque a região parece esquecida pelos governos, que mais tiram da serra pra atender a capital do que equilibram as demandas que por aqui são tão urgentes quanto em Porto Alegre.
Mas enquanto o secretário de segurança acena com a ampliação do efetivo na capital com as novas turmas que vão se formar, por aqui não temos nem uma sinalização positiva. E enquanto na capital pelo menos a força nacional amplia a sensação de proteção, por aqui a gente não vê nem sinal dessa possibilidade.
Porque o governo parece ignorar o que todo mundo tá cansado de saber: que porque o PIB é alto por aqui, a violência sobe a Serra. Só que os investimentos em segurança, não.