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O churrasquinho alemão ou as pedaladas do senhor governador

O churrasquinho alemão ou as pedaladas do senhor governador

Depois de curtir uma missão na Europa com direito a caipirinha e churrasco oferecido na Alemanha, gôndola em Veneza e passeios às margens do Sena, em Paris, tudo pago com dinheiro público, com o meu dinheiro, com o seu dinheiro que a gente paga em impostos escorchantes, o governador José Ivo Sartori retomou a dura realidade do governo gaúcho anunciando – adivinhem? – um novo parcelamento dos salários do funcionalismo.

Nada que surpreenda, não é mesmo? O pior é que, dessa vez, o parcelamento é ainda mais vergonhoso que a derrota do seu candidato nas eleições de Caxias do Sul.

Mas o governador nem fica vermelho de vergonha em mandar depositar hoje R$ 450 na conta dos servidores, depois de ter gastado milhões na viagem nababesca que, até agora, não teve resultados práticos a não ser o acúmulo de milhas aéreas pro governador e pra sua comitiva.

Aliás, alguém aí sabe me dizer exatamente quanto custou o tour governamental pelo primeiro mundo?

E por falar nisso, você já pensou o que você faria com 450 pilas na conta tendo que pagar todas as contas do mês? Pois é, mas o governo gaúcho não tá nem aí.

E se esse é o símbolo mais dramático do agravamento da crise financeira que atinge o Rio Grande do Sul, também é a prova definitiva de que a prioridade do governo é outra. Afinal, como já disse um sarcástico Sartori, o servidor tem é que dar graças a Deus que ainda tem um emprego e um salário pra parcelar.

Este vai ser o nono mês consecutivo que o governo gaúcho vai pedalar os salários, numa prática que iniciou há mais de um ano e já dura mais da metade do período de governo do Sartori. E o pior é que, com a arrecadação fraca e com opções limitadas de financiamento, não há uma perspectiva concreta de quando o funcionalismo estará a salvo do parcelamento. Pior que isso é que não há a mínima vontade política de acabar com essa crueldade.

Enquanto isso, o governo segue tapando o sol com a peneira, sem construir uma solução definitiva para a crise. Nesses quase dois anos, ele aumentou impostos, subiu a alíquota do ICMS, promoveu vários calotes na dívida com a união, conseguiu uma renegociação favorável, ampliou o teto para sacar das contas do estado, mas, mesmo assim, segue mandando parcelar os salários dos servidores.

É certo que o estado vive uma situação de penúria absoluta, de crise financeira extrema, e que o governo precisa sim adotar medidas duras e muitas vezes impopulares, mas o problema é que a gente não vê uma política de atração de investimentos, de extinção de privilégios, medidas que, pelo menos, indiquem um caminho pra resolver os problemas estruturais das finanças públicas do estado.

E essa conta cresce cada vez mais, e o preço é cada vez mais alto. Ontem, o candidato do governo em Caxias, aliás, o único no estado que associou a imagem ao governador, pagou um pouco dessa conta ao ser derrotado no segundo turno com menos votos que no primeiro, mas a verdade é que quem segue pagando essa conta com juros e correção todos os dias somos todos nós, gaúchos de boa fé.