O sistema RNP AR 15 começou a operar nesta quinta-feira (13) no Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul. Com isso, a direção do terminal projeta um ganho operacional de 50% a 70% da possibilidade de pouso em condições atmosféricas desfavoráveis, como cerração. O procedimento é referenciado por satélite, e permite ao piloto do avião a tomada de decisão sobre o pouso com mais proximidade da cabeceira da pista, ou seja, com padrões mínimos de teto e visibilidade.
A homologação foi realizada pela Força Aérea Brasileira (FAB) na quarta (12). A melhoria ocorre após significativo aumento no número de operações, que são consequência da inundação e fechamento temporário do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre.
O percentual de voos cancelados ou alterados para outros terminais — como aconteceu com o ministro dos Tranportes, Renan Filho, dez dias atrás — será inferior aos 10%, conforme a administração do Hugo Cantergiani. Em maio, 23% das aeronaves comerciais previstas para utilizar o terminal não pousaram em razão da neblina.
Maior visibilidade
Cleberson Babetzki, diretor-geral do Hugo Cantergiani, explica que se trata de uma versão mais moderna que o RNP AR 30, sistema o qual era utilizado anteriormente.
“Ao invés de serem 103 metros de teto necessários para o piloto tomar a decisão se pousa ou não, hoje ele vai conseguir fazer isso com 75 metros, ou seja, 28 metros de diferença. E na questão de visibilidade, que é a distância para avistar a pista, antes ele precisava de 1.685 metros, e agora precisa de 1.314 metros”, informa.
Ele atenta que, assim como o aeroporto, a aeronave e a tripulação precisam estar habilitadas para utilizar o recurso. A expectativa de Babetzki é que o procedimento possibilite pousos dentro da cerração que geralmente atinge a cidade, na faixa dos 300 pés.
“Se tiver neblina ‘fechada’ não pousa nem aqui, nem em Nova York, nem em Porto Alegre, em lugar nenhum. Os aeroportos do mundo todo fecham. Hoje, o que o RNP AR consegue fazer é que, mesmo que a neblina esteja até 75 metros de teto, a aeronave consegue pousar. Em Caxias, o histórico que temos é que a neblina, quando não é ‘fechada’, fica mais ou menos em 300 pés. Com o novo sistema, vamos conseguir pousar com 250 pés, ficando, em tese, abaixo daquela camada que costumeiramente temos”, aponta.
Novo sistema de luzes
Outro aprimoramento que o aeroporto caxiense deve receber nas próximas semanas é o PAPI, sigla em inglês para Percurso de Aproximação de Precisão. É um sistema de luzes, que fica nas laterais da pista, para indicar ao piloto em aproximação a altitude correta que ele deve manter para pouso. Esta ferramenta, entretanto, não está ligada ao favorecimento de operações em condições climáticas adversas.
“Sinaliza ao piloto se ele está em uma altitude superior ou inferior ao que ele precisa para chegar na pista. É um pré-requisito de um aeroporto, precisamos dele”, disse o diretor-geral.
O ILS (Sistema de Pouso por Instrumento), por sua vez, não possui viabilidade para ser implantado no Hugo Cantergiani, segundo Babetzki. Ele justifica que “em ambas as cabeceiras do aeroporto não podem haver prédios e obstáculos. Temos cidade dos dois lados“.
A direção planeja, ainda, realizar recapeamento asfáltico na pista do terminal caxiense.