Um país dito como “país do futuro”, sempre infla esperanças desordenadas personificadas em políticos ou figuras messiânicas, porém na prática revoga-se o compromisso com a responsabilidade. E novamente, numa dita “nova era” voltamos a estaca zero, alimentando falsas esperança e retardando a prosperidade tão esperada.
Nas eleições de 2018, grande parte da população brasileira, apoderou-se de um discurso dotado de conservadorismo e aclamava por mudanças bruscas, materializando toda indignação com os governos petistas na figura de Jair Messias Bolsonaro, um deputado do baixo clero do Congresso Nacional que tinha uma linha de pensamento conservadora e estatista.
Logo que Bolsonaro se identificou como postulantes ao cargo de Presidente da República, mudou totalmente seu discurso, acenando para o mercado e vestindo uma roupagem de reformista, liberal, conservador e pró Lava-Jato. Porém, na mesma época eu como um liberal clássico, refletia como um deputado que durante toda sua atuação tinha votado contra plano real, privatizações e reformas estruturantes, poderia encampar reformas urgentes e impopulares na ótica eleitoral.
Prontamente, Bolsonaro terceirizou as questões econômicas para o dito “Posto Ipiranga” Paulo Guedes que com discursos pró-mercado, alimentou falsas esperanças, afinal muitas reformas jamais foram enviadas e nem discutidas, julgo que o ministro não tenha autonomia e nem apoio da cúpula do governo, sendo preterido ao populismo eleitoral. Atrasando o futuro do Brasil.
Foram inúmeros eventos que desconfiguraram a imagem de Jair Bolsonaro na sua campanha, porém hoje, irei me ater ao último capítulo das movimentações políticas, que foi o tal do Renda Brasil ou Renda Cidadã, novamente flertando para o rompimento do teto dos gastos que a curto prazo, geraria um impulso adicional na economia, porém a longo prazo, seria um desastre, aumentando as incertezas e retirada de investimentos na economia brasileira. No cenário de um suposto rompimento do teto de gastos, os integrantes da classe baixa, seriam prejudicados diretamente, muito pelo fato de, não terem mecanismos de proteção de seu capital, perdendo renda pela inflação e até mesmo desemprego.
Uma pergunta que a população sempre propõe é: existe a possibilidade de acoplar o Renda Cidadão no orçamento e não romper o teto de gastos? Analisando os números, por uma ótica “crua”, parece simples, o programa tomaria aproximadamente 30 bilhões dentro de um orçamento de 1,5 trilhões de gastos totais. Porém, essa conta não é simples, afinal boa parte dos gastos, em torno de 95%, são obrigatórios, definidos por lei, incluindo previdência e salário de servidores. A discussão é, que dentro de todos esses gastos obrigatório, incluindo o funcionalismo, são destinados a classe alta brasileira que nem sequer teve interrupção de pagamentos nem nos piores momentos da pandemia.
O questionamento fica, vamos elevar o debate público no Brasil ou insistir no erro de falsas esperanças? Ficarmos no marasmo do amadorismo das promessas, sem sequer debatermos pautas estruturais do país, nos levará sempre para o mesmo caminho, o da incerteza.