Comportamento

"Nós queremos que Farroupilha nos ajude a vender" diz senegalês sobre possível Mercado Popular em Farroupilha

"Nós queremos que Farroupilha nos ajude a vender" diz senegalês sobre possível Mercado Popular em Farroupilha

O presidente da Comissão Especial sobre o Comércio Ambulante na Câmara de Vereadores de Farroupilha, Juliano Baugartenn comentou, em entrevista ao Grupo RSCOM, sobre a sugestão da comissão de criar um Mercado Público Popular na cidade. O mesmo foi entregue no documento do relatório final a mesa diretora do legislativo.

Conforme o presidente foram três meses de trabalho ouvindo entidades representativas do comércio, o poder público e os ambulantes sobre o assunto. Todas as bancadas partidárias foram representadas na comissão, já que o assunto divide a opinião dos setores envolvidos.

Durante as reuniões, as entidades se posicionaram contrárias a criação do Mercado. Os representantes alegam que a melhor solução seria o aprimoramento profissional dos imigrantes, para inserção no mercado de trabalho. O parlamentar, porém, salienta que os próprios vendedores ambulantes não querem trabalhar em empresas, e no decorrer das reuniões explicaram os motivos.

“Eles preferem se regulamentar, ter seu alvará, pagar seus tributos, um possível aluguel, já que entendem que o retorno financeiro é bem maior. Eles nos passaram que a dificuldade de entrar nas empresas está no baixo salário e no custo de vida alto. Além disso, com o valor que eles ganham na rua, com as vendas, eles conseguem mandar dinheiro para as suas famílias que ficaram no Senegal”, disse.

Este posicionamento é endossado por Mamadou Mahi Niane, senegalês que há seis anos mora em Farroupilha. Ele contou que durante os três primeiros anos trabalhou em empresas da cidade, mas que o valor que ganhava não era o bastante para se manter e ajudar o pai e a mãe que ficaram no país de origem.

Ele comentou que um local como um mercado popular facilitaria o trabalho, já que nas ruas passam frio, e que a chuva danifica aparelhos eletrônico, além de entender que ocorre sim uma concorrência com o comércio local. Ele ressalta que querem apenas trabalhar para se manter e ajudar quem ficou no Senegal.

“Ganhamos mais que nas empresas, eu trabalhei em firma por alguns anos e não deu certo. Agora eu estou há quatro anos na rua e vendendo mais. Eu tenho família, tenho mãe, tenho pai e todo mês tenho que mandar dinheiro para eles não passar fome, eles não tem dinheiro para viver. Eu tô aqui há seis anos e gosto de Farroupilha. Nós queremos que Farroupilha nos ajude a vender por que ganhamos mais assim que na firma”, disse.

Niane disse que ele mesmo busca seus produtos em São Paulo e que possuí CNPJ e nota fiscal de tudo o que ele vende.

O vereador Baugartenn também salientou que o espaço poderia abrigar além dos vendedores, os artesãos, a Feira Livre do Produtor Rural e os foodtrucks da cidade. O espaço seria coberto, com todas as exigências nas questões de higiene e segurança.

Procurada, a secretária de Planejamento de Farroupilha, Cristiane Girelli Chiele, comentou que a pasta está aberta a toda e qualquer ideia, e sempre vai avaliar as possibilidades.