O processo de sucessão de uma geração para outra dento de empresas familiares não é uma tarefa simples. Entender do negócio não é o suficiente, é preciso estar inserido na sociedade e buscar boas relações com os próprios colaboradores. Esses foram alguns dos desafios que a empresária Aline Eggers Bagatini viveu antes e após assumir o comando da Bebidas Fruki. Nesta quarta-feira (14), ela falou sobre o tema durante palestra na RA CIC, em Caxias do Sul.
A empresa gaúcha, e com sede na cidade de Lajeado, no Vale do Taquari, iniciou suas atividades há 99 anos, e desde então vem atuando como uma das principais empresas de bebidas no RS e em Santa Catarina. A trajetória da hoje diretora presidente da Fruki na empresa iniciou em 2002. Após ter ficado por 10 anos na Ipiranga, em 2002 recebeu o convite do pai, Nelson Eggers para trabalhar com ele. Em um primeiro momento, achou que não era o certo a se fazer, posteriormente, foi convencida e deu o passo a diante.
Onze anos mais tarde, Nelson, que foi a segunda geração no comando da companhia, decidiu que era o momento de criar o seu plano de sucessão. Assim, iniciaram os trabalhos por meio de mentorias. E, naquele momento, o empresário disse que sua filha, Aline, assumiria quando ele estivesse pronto para passar o bastão.
“É muito importante que se tenha tudo muito claro o momento que vai acontecer para que tanto o sucessor como o sucedido se preparem para que ela aconteça da melhor forma, e que toda a organização se prepare para aquele momento”, falou Aline.
E a Bebidas Fruki, de certa forma, inovou no processo sucessório. Quando o normal é que as pessoas fiquem anos no comando, Nelson colocou em contrato que seriam 10 anos com Aline como CEO e outros 10 com o outro filho dele, Júlio. Internamente, o processo de sucessão foi gradativo, afinal, a atual diretora presidente só assumiu o posto em 2019, ou seja, seis anos após o início.
“Cada empresa é uma. Não existe uma regra única. E nosso caso, exigir que o CEO saísse do negócio para que o novo CEO assumisse não fazia sentido. A gente trabalhou muito bem juntos o tempo todo, sempre criamos uma parceria na gestão. Ele sempre respeitou muito a minha opinião e eu a dela. E eu tinha certeza que eu não precisaria tirá-lo do ambiente organizacional e impedir que os demais diretores falassem com ele, ou mesmo não deixá-lo participar de reuniões da diretoria, e de fato não foi”.
Questionada sobre os desafios de ser mulher e estar no comando de uma empresa reconhecida nacionalmente, Aline disse que “se fechou para o preconceito”, e que também sempre foi incentivada a acreditar no seu potencial enquanto gestora.
“Eu acho que a régua da mulher, o 100% da mulher seria, talvez, os 70% do homem. A gente joga muito para cima o nosso nível de exigência, e eu cheguei a conclusão que podia exigir muito menos de mim, que eu estava muito ansiosa no início, ai eu acabei conseguindo me organizar melhor, porque além de empresária, eu sou mãe com muito orgulho, e quero ser mãe, ter tempo para a minha filha”.
A reunião almoço com Aline Eggers fez parte de um cronograma de atividades promovidos pela Câmara da Indústria Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) durante o 1º Fórum do Conhecimento.