CARNAVAL 2025

Nação Verde e Branco vai homenagear livraria e bloco no carnaval de rua de Caxias do Sul

Comemoração na avenida marca os aniversários de 20 anos da Do Arco da Velha e de 25 anos da escola de samba do bairro Cinquentenário

Dona Rosaura Moreira e Pedro Rosa, fundadora e carnavalesco da Nação Verde e Branco, respectivamente | Foto: Marina Tusset / Grupo RSCOM
Dona Rosaura Moreira e Pedro Rosa, fundadora e carnavalesco da Nação Verde e Branco, respectivamente | Foto: Marina Tusset / Grupo RSCOM

Unindo o samba ao universo dos livros, a Escola de Samba Nação Verde e Branco promete realizar um grande retorno à avenida no próximo sábado (08), na rua Plácido de Castro, em Caxias do Sul. Com uma trajetória que já soma 26 anos, a agremiação do bairro Cinquentenário carrega uma trajetória de paixão e resistência, marcada por desfiles memoráveis e um forte vínculo com a comunidade.

Neste ano, seu desfile irá destacar a trajetória da livraria Do Arco da Velha e do Bloco da Velha. Enquanto finaliza os preparativos, a Nação Verde e Branco enfrenta desafios para consolidar o carnaval na cidade e reafirma seu compromisso com a valorização da cultura popular.

Rosaura Moreira Pinto não esconde o orgulho que carrega pela sua escola de samba do coração. A presidente da Nação Verde e Branco, agremiação que idealizou no fundo do seu quintal em 1999, relembra com carinho o início das atividades. O primeiro desfile, ainda como bloco, ocorreu no carnaval de 2000, e teve como enredo a história do descobrimento do Brasil. O empenho rendeu ao grupo o prêmio de Bloco Revelação, garantindo a subida à categoria de escola de samba para a Nação Verde e Branco.

Dona Rosaura Moreira Pinto, fundadora da Escola de Samba Nação Verde e Branco | Foto: Marina Tusset / Grupo RSCOM

Um dos desfiles mais marcantes da escola ocorreu logo no ano seguinte. Em 2001, dona Rosaura escolheu o tema “Sítio do Picapau Amarelo”, obra de Monteiro Lobato, e lembra com detalhes da reação do público ao colocar a escola na avenida:

“Foi um tema muito bonito e um samba muito bom de cantar. Um samba que o povo assumiu na arquibancada. Inclusive, naquele ano, Pepe Vargas era o prefeito, e ele saiu aonde ele estava e foi para o meio da escola cantar o samba, junto com nós. Para mim, foi muito emocionante”, recorda.

Enredo

Olhando para este ano, o carnavalesco Pedro Ubirajara Rosa resolveu manter o histórico da escola de realizar abordagens culturais em seus desfiles. Com um samba-enredo que tinha pronto na gaveta há 6 anos, Pedro aguardava uma oportunidade para colocar sua ideia na avenida.

Neste ano, a Nação Verde e Branco celebra a história da livraria Do Arco da Velha e o Bloco da Velha, com o título “Se na Do Arco da Velha for uma vez, do Bloco da Velha será sempre freguês”. O carnavalesco ressalta o poético envolvido na transformação de uma livraria, algo que vê como mais erudito e restrito, em algo popular por meio de um bloco de rua, tornando a livraria um “segmento cultural mais elástico na cidade”, em suas palavras.

Ao lado da presidente Rosaura, Pedro Ubirajara Rosa mostra com orgulho parte da fantasia da ala das baianas da escola | Foto: Marina Tusset / Grupo RSCOM

Ao lado de Germano Weirich e Guilherme Martinato, fundadores do bloco e da livraria, Pedro resolveu juntar as comemorações dos aniversários de 20 anos da Do Arco da Velha e de 25 anos da escola em uma grande festa com o samba-enredo deste ano. Além de Germano e Pedro, a obra também foi composta por Beiçola do Cavaco e Júnior Gaúcho. Ele ainda relembra que foi justamente a Nação Verde e Branco que emprestou os instrumentos musicais para que o Bloco da Velha realizasse o seu primeiro desfile.

“Isso acabou se tornando algo interessante para que a gente pudesse expressar essa narrativa que fala sobre a construção do conhecimento e elevação à rua com os blocos e a cultura popular”, comenta Pedro, que assina a autoria do enredo, da sinopse e do texto, bem como de todas as expressões visuais e musicais do que será exibido na avenida.

Preparativos e desafios

É a partir deste texto-mestre que a escola organiza a produção de suas alas e alegorias, entre planejamento, adaptações, readaptações e arrecadação de recursos, em um processo que leva por volta de 6 meses até o dia do desfile.

Com cerca de 150 integrantes confirmados para desfilar na rua Plácido de Castro, no próximo sábado (08), dona Rosaura e Pedro mantém segredo sobre os detalhes da apresentação da Nação Verde e Branco. Os preparativos da ala das baianas e das demais fantasias estão em fase final.

Oito anos após o último desfile oficial, a escola encara desafios para retomar suas atividades assim como elas eram antes da pausa. Um deles é a reconstrução dos laços entre os membros:

“Oito anos parado acaba criando um desvinculamento com a dinâmica de uma escola de samba. Porque o desfile na verdade é o resultado. Mas o convívio, a sociabilidade de uma escola de samba é que é muito significativo”, ressalta Pedro.

O engajamento com a comunidade é apontado por Dona Rosaura como um pilar, desde o início das atividades da escola. Tanto em dias úteis quanto aos finais de semana, membros da Nação Verde e Branca comparecem aos ensaios, seja para se preparar para o desfile ou para simplesmente assistir aos preparativos.

Perspectivas para o futuro

E é justamente esse vínculo com a comunidade que a Nação Verde e Branco pretende ampliar no futuro. Com um time de futebol infantil já em funcionamento, dona Rosaura planeja também ofertar aulas de percussão e de computação ao mais novos, além de ter uma estrutura adequada para receber os alunos.

“O sonho da Nação é arrumar uma cozinha e um espaço para tirar essas crianças da rua. Estuda de manhã, sai do colégio, vem, almoça e fica fazendo alguma atividade aqui. Tira da rua, tira da droga, e educa. É meu sonho, só que eu vou precisar de uma estrutura para poder manter essas crianças aqui”, comenta.

Preconceito com o carnaval

Sobre a relação de Caxias do Sul com o carnaval, Rosaura destaca a discriminação que percebe em relação ao evento, principalmente em comparação a grandes festividades que celebram a cultura italiana no município. Além disso, rebate os comentários que sugerem que o dinheiro destinado aos carnavalescos poderia ser melhor aplicado em outras áreas:

“Pode criticar, pode falar. As escolas não vão ficar sem desfile por críticas. A gente vai cada vez mais procurar fazer melhor o carnaval de Caxias. Até que um dia ele seja respeitado como ele merece”, conclui.

Detalhes das fantasias da escola | Foto: Marina Tusset / Grupo RSCOM

Serviço

O quê: Desfile da Escola de Samba Nação Verde e Branco
Tema: “Se na Do Arco da Velha for uma vez, do Bloco da Velha será sempre freguês”
Quando: Sábado, 08 de fevereiro de 2025, às 20h
Onde: Rua Plácido de Castro, Caxias do Sul
Entrada: Gratuita