Farroupilha

MP aponta ao menos 1,2 mil depósitos nas contas da família de Raul Herpich

Foto: Divulgação/Câmara de Vereadores de Farroupilha
Foto: Divulgação/Câmara de Vereadores de Farroupilha

A Operação Peter Pan, deflagrada pela Promotoria de Justiça de Farroupilha e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio do Núcleo de Inteligência do MP (Nimp), na manhã desta quarta-feira (19), no gabinete do vereador Raul Herpich (PDT), em um escritório de contabilidade e em uma residência no centro da cidade, aponta que 1,260 depósitos, de baixos valores, mas sempre múltiplos de R$ 100,00 foram feitos nas contas do vereador, da esposa Marilde e dos filhos, Bruna e Guilherme.

Os depósitos somam R$ 1.164.297,55 e foram divididos em 584 depósitos na conta pessoal de Herpich, 430 na conta da esposa, 26 para a filha Bruna e 220 para Guilherme. De acordo com o MP, os valores são oriundos de pagamentos de associados das Cooperativas Habitacionais Terra Nostra e Meu Pedaço de Chão, que pagavam R$ 100,00 mensais para adquirir um lote de terra. Em 2017, em depoimento ao MP, Herpich afirmou que as duas cooperativas tinham 5.790 associados, o que geraria uma arrecadação mensal, naquela época, de R$ 579 mil por mês. Os pagamentos eram feitos em cheque ou em dinheiro vivo diretamente para o vereador. Atualmente há 44 grupos de associados e 44 contas bancárias, englobando as duas cooperativas.

Ainda de acordo com o MP, o dinheiro era usado para bancar viagens para a Europa, Estados Unidos, América do Sul e dentro do Brasil, além de bancar uma vida que não condizia com a renda declarada da família, como jantares e abatimentos de saldos negativos em contas bancárias.

Em entrevista coletiva, as promotoras Janine Mocellin e Claudia Hendler, explicaram que a operação  cumpriu quatro mandados de busca e apreensão, além da determinação do sequestro de bens e valores da família. Foram bloqueadas as contas bancárias dos envolvidos, cinco automóveis, dois apartamentos e quatro boxes de garagens. Os valores serão usados para garantir o ressarcimento dos cooperativados ao final do processo judicial.

As promotoras ainda disseram que o mais provável é de que o vereador acreditava na impunidade, visto que os depósitos eram feitos diretamente nas contas de familiares e não nas contas das cooperativas. Ainda de acordo com o MP, este valor é apenas o que constava nas contas, podendo, se comprovada a fraude, ser maior devido ao dinheiro vivo movimentado e não declarado pelos investigados. Ainda que a prisão preventiva de Raul Herpich pode acontecer a qualquer momento caso ele tente influenciar pessoas ou ainda prejudicar as investigações.

O MP pediu o afastamento do investigado do cargo de presidente da cooperativas mas a justiça negou alegando que essa determinação deveria partir dos próprios associados. Já com relação ao cargo de vereador ocupado por Herpich, a assessoria da casa informou que aguardará os próximos desdobramentos para decidir se alguma atitude será tomada, conforme nota divulgada no começo da tarde.