Os moradores do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz se mobilizaram para denunciar abordagens policiais durante operação em Caxias do Sul. Nesta quinta-feira (14/03), o representante da Associação dos Moradores do bairro, Fernando Morais, utilizou a tribuna na Câmara de Vereadores, durante sessão, para externar as acusações aos parlamentares e ao público algumas das situações apresentadas pelos moradores.
As denúncias também foram recebidas pela reportagem do Portal Leouve e pela Rádio Viva 94,5 FM, emissora do Grupo RSCOM. Conforme os moradores, durante uma das grandes operações policiais dos últimos dias, muitos residentes do bairro que não possuem envolvimento com crimes, teriam sido abordados e alguns casos, espancados, inclusive mulheres e pessoas com mais idade. “O pessoal do bairro não quer atrapalhar o trabalho dos policiais, de forma alguma. O pessoal só quer respeito e menos tortura”, comenta um dos denunciantes.
Na sessão desta quinta-feira na Câmara de Vereadores, o líder comunitário Fernando Morais salientou que os alvos das ações são indivíduos trabalhadores sem histórico criminal e levanta questionamentos sobre a legitimidade dessas abordagens. “Não tem como combater o terror, colocando terror em pessoas que não tem nada a ver com uma guerra que já está declarada há muito tempo”. Ele também expôs a opressão policial apontada pelos moradores, que ocorreriam durante à noite, destacando a importância da iluminação pública, uma conquista recente dos moradores. No entanto, ele relatou que alguns pontos de iluminação foram danificados pelos militares, comprometendo a segurança dos residentes. “Em certos locais eles invadem as residências de pessoas que nada tem a ver com o crime. Invadindo e quebrando as casas, revistando mulheres, deixando-as nuas”.
O presidente do bairro também declarou ter fotos nas quais aparecem os moradores agredidos, fotos em que a reportagem teve acesso. Nas imagens há mulheres e homens com machucados diversos pelas pernas e braços, inclusive, uma das residentes destaca ter sido submetida a investida com arma de choque, o que teria deixado bolhas pelas costas. Em uma das imagens, uma mulher aparece com corte na cabeça. O denunciante também apresentou o relato de um vizinho, que estava com a perna machucada e foi espancado até a outra perna ficar cheia de marcas.
Comovidos com a situação, alguns vizinhos se mobilizaram e procuraram auxílio do presidente do bairro e dos vereadores. A parlamentar Estela Balardin (PT), também durante sessão, destacou que os moradores devem ser ouvidos pela sociedade e pelas autoridades. “É um excesso de violência física, psicológica e moral. Esses moradores precisam da nossa voz, vereadores, para terem justiça”. Outros parlamentares que se pronunciaram em apoio à fala da colega foram Lucas Caregnato (PT) e Rose Frigeri (PT). “Este debate ressalta a importância de enfrentar a violência policial e promover uma abordagem justa e humanitária nas comunidades vulneráveis, reforçando a necessidade de ações concretas para garantir a justiça e a segurança de todos os cidadãos”, acrescentou Estela Balardin.
Brigada Militar se pronunciou por meio de nota à imprensa
A Brigada Militar, por meio do 12° Batalhão de Polícia Militar, atuante na Serra Gaúcha, encaminhou nota com as ações realizadas no bairro Euzébio Beltrão de Queirós e sobre as denúncias apresentadas durante a sessão. Conforme a nota, a BM não teria sido comunicada formalmente sobre as denúncias envolvendo a conduta dos policiais e que possui estrutura e canal correcional à disposição da comunidade, sendo através da Corregedoria-Geral da Brigada Militar, com serviço disposto 24h, pelo número (51) 985778135.
Leia a nota completa na íntegra: NOTA DA BRIGADA MILITAR A IMPRENSA