Mobilização pelo CTG Rincão da Lealdade ganha força em Caxias do Sul

O CTG mais antigo de Caxias do Sul, com 68 anos de história, está se defendendo de uma liminar de reintegração de posse, movida pelo Estado do Rio Grande do Sul e motivada pela Fundação Universidade de Caxias do Sul. O processo judicial que corre desde 2017 na segunda vara civil de Caxias do Sul, teve liminar deferida no último dia 08 de Fevereiro, determinando a saída do CTG do imóvel em 15 dias com prazo de defesa que vai até 15 de março. Em caso de descumprimento da desocupação, a multa estipulada no processo é de R$ 10 mil por dia.

Para tentar reverter essa situação dramática vivida pela entidade, o CTG com o apoio da 25º Região Tradicionalista, promoveu encontro com lideranças políticas, tradicionalistas e comunidade em geral para unir forças na esfera política e decidir os próximos passos a serem seguidos.

De acordo com a patronagem do CTG, desde 2005 a reitoria da UCS já procurava os patrões da época para tentar obter a área,que possui mais de 1000 metros construídos. Depois de várias negativas por parte da entidade, em 2017, motivado pela Fundação Universidade de Caxias do Sul, o Estado entrou com processo de reintegração de posse. “No mesmo ano a UCS divulgou amplamente um projeto que seria de um grande complexo envolvendo áreas de esporte e lazer, Hospital Veterinário e, na área onde está o CTG, está previsto um centro de produção e pesquisa em Fármacos da indústria Farmacêutica”, isso está registrado no projeto da UCS, diz Vera Comandulli, vice patroa do CTG.

Visto que não atingiu o efeito esperado, a presidência da Fundação começou a utilizar-se da narrativa da saúde, para tomar posse do local. “No final de 2020 entraram com nova liminar, argumentando que o CTG seria utilizado como hospital de campanha em função do Coronavírus. A liminar foi derrubada pela mesma juíza na época, visto que o CTG já havia se colocado à disposição do Hospital em caso de urgência” relata.

Logo após, o processo foi suspenso pelo próprio procurador do Estado Eduardo Cunha da Costa, que abriu uma câmara de conciliação envolvendo o Estado, o CTG e a UCS, que já na primeira reunião se isentou da situação, argumentando que não fazia parte do processo. Porém, nesta última liminar fica claro que quem provoca o Estado é a Fundação UCS, como consta no processo.

Confira nota oficial divulgada pela UCS:

“A Fundação Universidade de Caxias do Sul informa que não participa do processo judicial movido pelo Estado do Rio Grande do Sul visando a retomada de imóvel ocupado pelo CTG Rincão da Lealdade por descumprimento de requisitos legais pela entidade tradicionalista. Em razão de entendimentos e decisões judiciais no referido processo, a FUCS foi comunicada da destinação do imóvel para o Hospital Geral de Caxias do Sul visando abrigar serviços de saúde como central de exames laboratoriais e serviços de hemodiálise, entre outros. O Hospital Geral de Caxias do Sul atende a população carente de 47 municípios da região, e a possibilidade de receber espaço físico com o objetivo de ampliar estes serviços é sempre relevante para a população necessitada.”

O CTG que sempre agiu em tom de conciliação e cooperação com a questão da saúde, cedeu ao Hospital parte de sua estrutura, visto que a entidade estava com seus eventos suspensos em função da pandemia. “A direção do Hospital Geral acabou instalando no prédio principal do CTG, um laboratório de análises clínicas e um depósito de materiais e peças, totalmente em desacordo com a proposta original e o que foi acordado no processo”.