Comportamento

Missa Crioula: conheça a história da celebração que une religiosidade e tradicionalismo

Foto: Divulgação/Cleiton Thiele
Foto: Divulgação/Cleiton Thiele

A Missa Crioula é uma missa católica do rito latino, Apostólico Romano, porém adaptada em linguagem, ritmo, estilo e símbolos tradicionalistas gaúchos. Ela tem o mesmo sentido espiritual e religioso de uma missa tradicional, mas pelas suas características particulares recebe a denominação de Missa Crioula.

A existência de uma missa nesse estilo tornou-se possível com as alterações introduzidas na Igreja Católica como resultado do Concílio do Vaticano II, realizado em 1965, que permitiu a tradução e adaptação da liturgia em latim para outras línguas nacionais e linguagens regionais.

Em 1967, os padres gaúchos Paulo Aripe e Amadeu Gomes Canelas solicitaram autorização ao então Bispo de Porto Alegre, Dom Vicente Scherrer e ao Vaticano, cujo Papa era Paulo VI, para a celebração da Missa Crioula com cantos, preces e orações próprias, com rima bastante acentuada na linguagem e oração litúrgica. Nessa liturgia campeira, são utilizados símbolos do campo, da campanha, do uso costumeiro do gaúcho.

Com o linguajar típico dos pampas, Jesus Cristo é chamado “O Divino Tropeiro” e Nossa Senhora de “Primeira Prenda Celeste”. Deus é chamado de “Pai Celeste” e o Espírito Santo de “Divino Candeeiro”.

O Padre Mário Pereira comenta sobre a linguagem usada na Missa Campeira. Ele diz que os termos são adaptados para transmitir os valores do povo gaúcho através da celebração religiosa.

“Todos anos eu rezo Missas Crioulas, esse ano, devido ao contexto que vivemos será diferente. Estamos indo devagar frente à pandemia que veio causar tanto mau e é preciso se precaver. Mas é uma Missa que rezo a muito tempo. Desde quando eu me criei, lá no campo, em Soledade, tenho em meu DNA essas expressões culturais que, no fundo, são os valores da linguagem do povo gaúcho”, disse.

Entre os momentos mais emocionantes da Missa Crioula está o que relembra um dos mais marcantes episódios da história do Rio Grande do Sul: a guerra entre Maragatos e Chimangos. Como a missa busca trazer a paz e a compreensão entre todos, os homens que participam da missa depõem suas armas, representadas por facões estilizados, colocando-as em um canto e entrelaçam na cruz os lenços vermelhos, representando os Maragatos, e branco, representando os Chimangos.

A Rádio Viva irá promover, no próximo domingo (20), no Dia do Gaúcho, uma live especial com a transmissão de uma Missa Crioula para comemorar a data. A missa, que será rezada pelo Padre Mário Pereira, será transmitida no página do facebook da Viva, a partir das 10h. O local escolhido é o Centro de Tradições Gaúchas Aldeia Farroupilha.

O segundo capataz do CTG, Ataíde Pereira, comentou sobre o local ter sido escolhido para a realização da Missa e sobre os 30 anos de fundação da entidade.

“Para nós é uma honra estar abrindo as portas da entidade para a Rádio Viva estar realizando a Missa Crioula, neste domingo. No dia em que o CTG Aldeia Farroupilha completa 30 anos de existência. Eu parabenizo a rádio e a família Aldeia por fazer a nossa história, sempre voltada a cultura gaúcha”, disse.

A live da Missa Crioula terá a apresentação do comunicador Paulinho das Quebradas.