Justiça

Ministério Público do Trabalho protocola mais de quatro mil denúncias de desrespeito a normas de prevenção ao Covid-19

Foram mais de 20 mil denuncias em 120 dias

Foto: Arquivo Leouve
Foto: Arquivo Leouve

Desde a chegada da pandemia de coronavirus no país, algumas empresas que não suspenderam atividades, também não reduziram o volume de trabalho. Em alguns casos, esta manutenção gerou negligência em relação as medidas de segurança, criando um ambiente precário. Entre o primeiro dia de março e oito de junho, o Ministério Público do Trabalho (MPT) de todo Brasil, registrou uma média diária de quatro denúncias civis em relação à Covid-19 no ambiente laboral.

Entre os casos mais denunciados, estão a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para os trabalhadores se prevenirem contra a Covid-19, a ausência de testagem e de distanciamento mínimo entre os trabalhadores nas empresas. Também foram relatadas dispensas em massa, e descumprimentos a Medida Provisória 936/2020, como, por exemplo, a suspensão do contrato de trabalho para empregados que continuam trabalhando.

Ao todo foram 4,2 mil inquéritos, originados das mais de 20 mil denúncias de trabalhadores que chegaram ao MPT. Os procuradores do órgão argumentam que existem quase cinco vezes mais denuncias do que inquéritos porquê há repetições e alguns não dispõem de provas suficientes para investigação. O segmento hospitalar, os presídios e os frigoríficos são apontados pelos procuradores como os locais que mais inspiram preocupação em relação a saúde do trabalhador e a Covid-19.

O procurador do trabalho e secretário de Relações Institucionais da Procuradoria-Geral do Trabalho, Márcio Amazonas, afirma que o órgão “protege o trabalhador, mas não vamos zelar por uma medida que termine com os empregos. Temos procurado sempre uma solução consensual. Os termos de ajuste de conduta têm sido o método mais eficaz”.

Na Serra Gaúcha, O MPT precisou judicializar uma ação e conseguiu, no inicio de junho, que um frigorifico de Caxias do Sul fosse interditado após crise de casos de Covid-19. Contudo, 10 dias depois, através de um recurso, a empresa conseguiu retomar as atividades, porém respeitando as normas de segurança.

Acordos judiciais também foram firmados, como ocorreu entre o MPT do Rio de Janeiro e a prefeitura da cidade em relação aos hospitais locais. A procuradora do trabalho, Isabela Maul Miranda de Mendonça, afirmou que os profissionais dos hospitais municipais de urgência e emergência do Rio de Janeiro estavam trabalhando em péssimas condições, por isso, um acordo judicial foi feito para garantir que os trabalhadores tivessem acesso a materiais de proteção e testagem.

O Rio de Janeiro é a regional do MPT com a maior quantidade de denúncias e inquéritos civis abertos.