Eu te peço perdão por te amar de repente, embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos. Das horas que passei à sombra dos teus gestos, bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos.
Das noites que vivi acalentado pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo. Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo. Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas. Nem as misteriosas palavras dos véus da alma. É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias.
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta. e deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora.