Era um fim de tarde de sábado. Eu estava molhando o jardim da minha casa, quando vi um menino parado junto ao portão, me olhando.
– Dona, tem pão velho? – perguntou ele.
Essa coisa de pedir pão velho sempre me incomodou. Olhei para aquele menino tão nostálgico e perguntei:
– Onde Você mora?
– Depois do zoológico.
– Bem longe, hein?
– É… mas eu tenho que pedir as coisas para comer.
– Você está na escola?
– Não. Minha mãe não pode comprar material.
– Seu pai mora com vocês?
– Ele sumiu…
E o papo prosseguiu, até que eu disse:
– Vou buscar o pão. Serve pão novo?
– Não precisa, não. A senhora já conversou comigo, isso é suficiente.
Esta resposta caiu em mim como um raio. Tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança. Tão nova e já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitada de um papo, de uma conversa amiga.
Quantas lições podemos tirar desta resposta:
“Não precisa, não. A senhora já conversou comigo, isso é suficiente!”
Que poder mágico tem o gesto de falar e ouvir com amor! Os anos se passaram e continuam pedindo “pão velho” na minha casa… E eu dando “pão novo”, mas procurando antes compartilhar o pão das pequenas conversas, o pão dos gestos que acolhem e promovem.
Este pão de amor não fica velho, porque é fabricado no coração de quem acredita Naquele que disse: “Eu sou o pão da vida!” Verifique quantas pessoas talvez estejam esperando uma só palavra a SUA.
Bom dia!