Caxias do Sul

Médico exonerado de UBS lamenta: "Quem paga no final das contas é a população"

Cartaz foi fixado nesta quinta-feira na Unidade Básica de Saúde (Foto: Divulgação)
Cartaz foi fixado nesta quinta-feira na Unidade Básica de Saúde (Foto: Divulgação)

Exonerado na manhã desta sexta-feira, dia 10, após uma polêmica envolvendo um cartaz fixado na Unidade Básica de Saúde do bairro Fátima, em Caxias do Sul, o médico Pietro Felice Tomazini Nesello, de 25 anos, lamentou a situação. O cartaz, fixado ontem pela manhã, dizia que o profissional atenderia somente os casos de urgência e emergência até que algumas pendenciais salariais fossem quitadas.

Cartaz foi fixado nesta quinta-feira na Unidade Básica de Saúde (Foto: Divulgação)

Segundo Nesello, a intenção do protesto era apenas cobrar da Secretaria Municipal da Saúde o que havia sido combinado no contrato. “Eu não queria diminuir minha carga horária, não queria aumentar meu salário, eu só queria atender dignamente a população com o melhor que pudesse ser oferecido. Queria receber pelo meu salário, conforme havia sido firmado. E o problema disso tudo é que quem paga no final das contas é a população”, afirma.

O profissional também diz que o erro na emissão da folha de pagamento foi a gota d’água para que ele tomasse a atitude. Outros problemas como a falta de medicamentos e a própria estrutura da UBS já vinham o incomodando. “É muito triste trabalhar em um lugar onde a gente se sente impotente. A falta de medicamentos básicos eu acho inaceitável no SUS hoje em dia. A gente carece de aparelho para medir a pressão arterial, e isso é pedido, é telefonado, é comunicado, o médico chato, liga, solicita. É uma série de fatores…”, revela o médico.

A Secretaria Municipal da Saúde confirmou o desligamento do profissional, que atendia por meio de um contrato emergencial, na manhã desta sexta-feira. A negativa no atendimento dos pacientes que tinham consultas agendadas para ontem motivou a exoneração.

Um novo profissional deve ser contratado nos próximos dias e a expectativa é de que na semana que vem a UBS já conte com um novo clínico geral. Nesello criticou a decisão. “É muito cômodo para um gestor demitir um médico que questiona, que briga, que exige e busca melhoria em prol do atendimento da população. Então eles sabiam da minha insatisfação há várias semanas e inclusive do meu salário. Eles parecem que esquecem que por trás de um médico, atrás do enfermeiro, atrás do técnico, atrás de cada servidor tem uma pessoa ali, tem um cidadão”, disparou.

Apesar da indignação, o médico diz que a revolta dele deve ser encarada dentro do contexto em que está inserida. “Minha indignação não é generalizada. Ela é restrita ao meu caso, à minha unidade onde eu trabalhei. Ela é restrita à minha experiência. Eu não sou contra nenhum político, nenhum gestor, nenhum partido político”, finaliza.