Brasil

Lula dá posse a novos ministros em cerimônia envergonhada e irrita o Centrão

Arthur Lira (PP-AL), um dos principais articuladores da reforma, cogitou não participar da cerimônia

((Foto: Ricardo Stuckert))
((Foto: Ricardo Stuckert))


O presidente Lula (PT) empossou os novos ministros de seu governo, após uma arrastada reforma ministerial que abriu espaço para a consolidação do Centrão no Executivo.

A posse de Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e André Fufuca (Esportes) ocorreu em uma cerimônia restrita e fechada no gabinete do presidente, no Palácio do Planalto. No mesmo evento, Márcio França foi remanejado para a nova pasta da Pequena e Média Empresa. O evento não aparecia na agenda oficial do presidente como uma cerimônia de posse e seus assessores tratavam a todo o momento apenas como uma “reunião”.

O ato contrastou com os eventos com presença de autoridades, parlamentares e discursos para marcar a nomeação de ministros do governo, como a posse do último ministro que havia entrado no governo, o titular do turismo Celso Sabino — também indicado pelo Centrão.

O formato envergonhado das posses de Fufuca e Costa Filho irritou integrantes do Centrão — grupo do qual fazem parte PP e Republicanos — que já colocam em dúvida a ampliação do apoio que reforma pode de fato dar ao governo no Congresso.

Compromisso

Publicamente, o líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB), minimizou a questão e disse que a nomeação de Costa Filho dá à bancada no Congresso “comprometimento” para votar propostas de interesse do Planalto. Mesmo assim, fez questão de reiterar a independência do partido em relação ao governo, como oficializado na semana passada.

“A indicação de Silvio vem na esteira de poder estreitar essa relação com o partido, para que se estimule a seguir ajudando nas pautas que interessa ao governo, mas sem alterar nossa postura de independência. […] Vemos com bons olhos a chegada de Silvinho ao ministério, que traz para nossa bancada comprometimento”, disse.

Em reserva, porém, integrantes do Centrão dizem que Lula tratou os partidos com desprestígio e arrogância. O sentimento ouvido pelo Poder360 entre a cúpula do grupo se resume a esta frase: “Absurdo, tratou como amante”.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um dos principais articuladores da reforma, cogitou não participar da cerimônia fechada, mas acabou convencido por aliados a comparecer.

Para acomodar os novos ministros, Lula demitiu a então titular dos Esportes, Ana Moser, ex-atleta olímpica, militante da área e apoiadora de primeira hora do petista. O outro atingido pela reforma foi Márcio França, retirado da pasta dos Portos e Aeroportos para assumir o novo ministério das Pequenas e Médias Empresas. A nova estrutura foi anunciada pelo presidente durante as negociações da reforma ministerial.

Cerimônia familiar

Ao deixar a reunião, França relatou que a cerimônia foi “familiar, com bastante criança”. “Presidente lembrou um pouco da passagem de cada um deles, do vínculo que temos em comum, todos nós viemos do Parlamento e fez a assinatura da posse dos 3 ministérios”, disse.

Quando a mudança nos ministérios foi oficializada, no dia 6 de setembro, chamou a atenção a ausência de uma fotografia de Lula com seus novos ministros. Na ocasião, a imagem divulgada pela Presidência foi de Fufuca e Costa Filho com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Lula aceitou ser retratado ao lado dos 2 nesta 4ª feira, logo após a assinatura dos termos de posse.

Fonte: O Sul