Caxias do Sul

Justiça termina de ouvir envolvidos na venda de carne de cavalo em Caxias do Sul

A expectativa é que a sentença seja proferida ainda neste primeiro semestre de 2023

(Foto: Ministério Público, divulgação)
(Foto: Ministério Público, divulgação)

A Justiça terminou de ouvir, nesta sexta-feira (3), todas as testemunhas e acusados do esquema que vendia carne de cavalo utilizado para fazer hambúrguer em Caxias do Sul. O próximo passo é as defesas apresentarem suas alegações finais. A expectativa é que a sentença seja proferida ainda no primeiro semestre de 2023.

A Operação Hipo foi deflagrada em 18 de novembro de 2021 contra um esquema que comprava cavalos e preparava sua carne para vender a hamburguerias e mercados caxienses. O abate dos animais acontecia em uma chácara de Forqueta, sem atender qualquer norma sanitária. Seis pessoas foram presas na ocasião, mas posteriormente foram autorizados a responder o processo em liberdade. No total, 10 suspeitos foram denunciados pelo Ministério Público.

O processo tramita na 4ª Vara Criminal, conduzido pela juíza Taise Velásquez Lopes. A acusação é feita pelo promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, especializado em defesa do consumidor. No dia 18 de julho do ano passado, já haviam sido ouvidas as 17 testemunhas apresentadas pelo Ministério Público. Nesta sexta-feira (3), foi a vez das defesas.

Entre às 14h e 17h, foram ouvidas 17 testemunhas apresentadas pela defesa e foi oportunizado o interrogatório dos réus. Os acusados Reny Mezzomo, Sirlei Mezzomo, Alexandre Gedoz e Teresinha Salete Gedoz optaram por permanecerem em silêncio. Os demais apresentaram a ressalva de responder apenas as perguntas das defesas.

Os réus Marcos André de Bortoli, Ismael Lima e Airton Miguel Pires Brando responderam às perguntas de todos os advogados de defesa. Já os acusados Eduardo Mezzomo e Robson Kemerich Samoel aceitaram responder questionamentos dos seus próprios defensores.

O réu Daniel Gnoatto não se apresentou na audiência. Segundo a 4ª Vara Criminal, o réu não tem cumprido a medida cautelar de apresentação bimestral nos autos desde o mês de maio do ano passado. Por isso, a juíza decretou a revelia de Daniel e prosseguiu os trâmites.

As defesas dos réus Airton e Marcos requereram a condução coercitiva do réu Daniel, sob o argumento de que é seu direito inquiri-lo. Os pedidos foram negados pela juíza, sob o entendimento que não há previsão legal e que o réu possui o direito constitucional de permanecer em silêncio, o que já era a orientação manifestada pela Defensoria Pública, que assistia Daniel anteriormente.

Após, a defesa de Marcos postulou o prazo de 10 dias para a juntada de documento referente à extração de dados do telefone celular apreendido. Também foi requerido, por parte do Ministério Público, o áudio integral referente a uma conversa presente nos autos, e que não teve oposição da Promotoria. Os pedidos foram deferidos com o prazo de 10 dias.

Por fim, as defesas de Marcos e Ismael requereram a restituição dos seus celulares, que foram apreendidos durante as investigações. A juíza Taíse decidiu que aguardará a manifestação do Ministério Público sobre a questão, que deve ocorrer em dez dias.

Devido a viagem de retorno para Porto Alegre após o término das audiências, o promotor Alcindo optou por se manifestar sobre a conclusão das audiências somente na próxima semana.

O que dizem as defesas:

O advogado Vinícius de Figueiredo, que representa o réu Eduardo Mezzomo, aponta que seu cliente prestou seu depoimento e esclareceu todos os pontos da acusação. “Eduardo admitiu o abate de equinos, assumindo sua responsabilidade com a sociedade. Todas as garantias processuais foram asseguradas e aguardamos o prazo para a apresentação das alegações finais”.

O advogado Vinicius Reis, que representa o réu Marcos André de Bortoli, reitera a inocência do seu cliente e “informa que na audiência de hoje isso restou devidamente comprovado. Estamos confiantes num juízo de absolvição.”

A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos outros réus após a audiência desta sexta-feira (3).