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Juros permanecerão altos por período prolongado no Brasil e no mundo, diz Gustavo Loyola

Para ex-presidente do Banco Central, Fed só deve começar a reduzir os juros a partir de meados de 2024

Juros permanecerão altos por período prolongado no Brasil e no mundo, diz Gustavo Loyola
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Se a proposta de reforma tributária for aprovada como está neste momento, pode haver um crescimento econômico adicional acumulado da ordem de 4% ao longo dos próximos 10 anos. A estimativa é do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola. “É uma oportunidade que o Brasil tem de aumentar sua taxa de crescimento por meio de uma melhora da produtividade, na medida em que o sistema tributário pode ficar menos distorcido e o custo de observância das regras tributárias pode cair”, diz. acrescentando que considera provável a aprovação do projeto.

Em palestra feita há instantes durante o evento “A Perspectiva da Economia Brasileira”, realizado pelo InfoMoney, Loyola afirmou que a Tendências trabalha com uma projeção de crescimento do PIB de 2,6% este ano e de 1,5% em 2024. A desaceleração, afirma, vem do fato de que, apesar do ciclo de queda dos juros, a economia ainda sofre os efeitos de uma política monetária restritiva, cujos efeitos têm uma defasagem. Além disso, o estímulo do setor agrícola para a economia vai ser menor.

Do lado da inflação, Loyola vislumbra um alívio da inflação, mas não a ponto de tirar o juro de um patamar elevado – tema que é uma das principais preocupações manifestadas pelos clientes da consultoria. A Tendências espera que o IPCA fique em 5% neste ano e em 3,5%, distante do centro da meta, portanto. E que a Selic fique na casa dos 9% no fim de 2024.

A leitura de que os juros ainda precisarão manter-se altos mesmo com o recuo de inflação é uma realidade também para os bancos centrais de outros países, em especial dos Estados Unidos, afirma o economista. No caso do Federal Reserve, o BC americano, é possível que os juros não voltem a subir, mas provavelmente permanecerão altos por um período mais longo e só voltem a cair em meados de 2024, de forma gradual, sem voltar para os níveis pré-pandemia.