Justiça

Joesley nega que procurador tenha orientado gravação de Temer e minimiza áudios

Joesley nega que procurador tenha orientado gravação de Temer e minimiza áudios
Delatores podem perder benefícios (Foto: Rovena Rosa, Agência Brasil /especial)

Em cerca de três horas de depoimentos na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR) na tarde desta quinta-feira, 7, no procedimento que pode revogar o benefício de imunidade penal concedido aos delatores do Grupo J&F, o empresário Joesley Batista confirmou que conheceu o ex-procurador Marcelo Miller antes da exoneração da PGR, disse que não recebeu orientação dele para gravar o presidente Michel Temer e minimizou as menções que fez ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em gravações, afirmando que acreditar nelas seria como dar crédito a “conversa de bêbados”.

Além do empresário, Ricardo Saud, outro executivo da holding, e o advogado da empresa, Francisco de Assis, que também é delator, também foram depor. Os três chegaram por volta das 10h ao aeroporto internacional de Brasília, em um jatinho particular para prestar depoimento. Nenhum deles falou com a imprensa ao deixar a PGR, quase 10 horas depois.

A subprocuradora Cláudia Marques, responsável pelo procedimento de revisão do acordo, deve ouvir Marcelo Miller nesta sexta-feira, dia 8. Ela também vai analisar informações do escritório que negociou o acordo de leniência do grupo, Trech, Rossi e Watanabe – onde o procurador chegou a trabalhar após ser exonerado do Ministério Público. De acordo com Joesley, Miller não trabalhou no acordo.

Janot concedeu inicialmente até amanhã para que todos os esclarecimentos sejam prestados. A PGR suspeita que Miller tenha atuado como agente duplo.

Uma das possibilidades é que, após ouvir os executivos, Janot suspenda os benefícios da delação premiada. Entre os principais benefícios, eles não seriam indiciados criminalmente pelos crimes relatados. Janot pode pedir também a prisão dos delatores se entender que eles mentiram na delação, mas já afirmou que, mesmo cancelado o acordo, as provas obtidas têm validade.