A liberação de R$ 22 milhões do ministério do Trabalho a uma empresa que foi apontada no ano passado por auditores da Controladoria-Geral da União (CGU) por superfaturar os serviços, em um caso em que a CGU recomendou a devolução de R$ 4,6 milhões ao ministério mostrou como funcionam as relações políticas nas nomeações dos escalões de comando da máquina estatal.
O responsável pela liberação do dinheiro é o jovem de 19 anos Mikael Tavares Medeiros, nomeado um dia antes da decisão polêmica como coordenador da área de recursos logísticos da pasta e responsável por autorizar despesas de R$ 473 milhões. O jovem, que antes de crescer no serviço público ocupando cargos em comissão possuía experiência como vendedor numa loja de óculos, ocupa um cargo sob a responsabilidade do PTB e foi indicado pelo deputado Jovair Arantes. Seu pai, o delegado da Polícia Cvil de Goiás Cristiomário Medeiros, candidato derrotado a prefeito de Planaltina de Goiás em 2016, é aliado político do deputado.
Depois que a imprensa divulgou o caso, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, afirmou nesta sexta-feira, dia 9, que pediu ao ministro do Trabalho, Helton Yomura, que exonere Medeiros.
“Quero dizer que errou quem resolveu colocar um jovem inexperiente em um cargo importante no MTb; pedi ao ministro Helton Yomura que exonere esse rapaz. Esse ministério é ‘uma cabeça de burro enterrada’ no partido”, afirmou Roberto Jefferson em sua conta oficial no Twitter, em uma referência ao recente episódio envolvendo a tentativa de nomear a própria filha como ministra.
Mikael Medeiros entrou para o ministério em outubro do ano passado para coordenar a área de recursos logísticos pelo então ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira (PTB). Neste ano, ele passou a ser o responsável pela execução orçamentária do ministério. Um dia depois, o ministério liberou a ordem e pagamento para a empresa de soluções de informática Business to Technology (B2T), com sede em Brasília. A empresa oferece soluções em tecnologia da informação e tem diversos clientes no setor público, entre eles a Presidência da República, três ministérios, a Procuradoria-geral da República (PGR), a Controladoria-geral da União (CGU), secretarias em pelo menos cinco estados e estatais como a Petrobras, os Correios, o Banco do Brasil e a Caixa.