O cuidado com as palavras quando vestiu verde pelas últimas vezes denota a preocupação de Roger Machado com a guinada de carreira. Não somente por deixar o elogiado trabalho no Juventude para assumir um Inter em crise, mas também por outros fatores ligados à metade azul do estado. Ele, quem o contratou e quem ele representará assim que assinar o contrato até o final de 2025, sabem da tensão que acompanhou a decisão tomada. A expectativa é que o vínculo seja confirmado oficialmente na manhã desta quinta-feira. E como qualquer outro treinador no futebol brasileiro, os resultados é que darão a dimensão do passo dado. Nesse particular, o personagem em questão é mais emblemático.
Quando idealizou a carreira de treinador, Roger imaginou repetir a trajetória de atleta com poucos escudos defendidos. Foram somente três: Grêmio, Vissel Kobe, do Japão e Fluminense. Pois logo na primeira oportunidade como técnico, em 2014 ele viu que seria diferente.
O mesmo Juventude onde estava até dois dias atrás lhe abriu as portas para começar uma nova vida fora das quatro linhas. Dez anos depois, o Inter é seu oitavo clube. Em uma década, viu muita gente pelos vestiários por onde passou. E por eles moldou o estômago ao circular em ambientes de interesses poderosos e poderosos interessados.
É esse Roger de quase meio século de idade que encara um novo desafio, ciente de repetir o que fizeram dezenas de nomes com passagem pela Dupla Gre-Nal. Um deles em especial, está de volta ao Beira-Rio. A parceria com Paulo Paixão desde a Serra se restabelece em Porto Alegre.
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Além do preparador físico, também farão parte da nova comissão Adailton Bolzan e Guilherme Marques, ambos auxiliares egressos do Ju. O quinto nome é Roberto Ribas. O jovem profissional faz parte da carreira do “primeiro” Roger treinador. Recém saído da faculdade de Educação Física, Roger apostou em Roberto como seu auxiliar número um.
A diretoria tenta ainda fortalecer o departamento de futebol e Abel Braga como coordenador é um nome que dispensa explicações em um eventual retorno. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra Roger revelando que, quando guri, frequentava um dos bares do Beira-Rio, na época onde um tio trabalhava nos jogos do Inter. Ou seja, o novo ambiente não é um cenário desconhecido para o futuro técnico colorado. Nova será certamente a sensação que irá sentir a partir de agora.
Alessandro Barcellos lança mão de mais uma cartada alta em sua gestão. As mesmas palavras cuidadosas durante a negociação não ficaram escondidas atrás da animação de ambos os lados com a perspectiva criada. Roger está entre os profissionais que sempre gozou de respeito quando esteve do outro lado. Agora de vermelho, encontrará uma torcida que exigirá mais que isso.
