

Primeiro, porque carecia das provas contundentes dos crimes de responsabilidade tão fundamentais pra uma cassação de mandato. Depois, porque era intempestivo e totalmente fora de lugar, no oitavo mês de um governo eleito com amplo apoio popular. E, claro, porque os vereadores evidentemente rejeitariam a admissibilidade da denúncia com receio do prejuízo eleitoral na próxima eleição, ainda que no fundo alguns quisessem mesmo ver o circo pegar fogo.
Mas, principalmente, porque a medida, sempre excepcional e sem justificativa neste momento, seria ruim pra todo mundo, pra democracia, pra política e pro povo, independente se ajudou ou não a eleger o atual prefeito.
Porque o impeachment não é um instrumento parlamentar para destituir governantes incompetentes – e olha que eu não estou dizendo aqui que seja esse o caso.
O que estou dizendo é que o impedimento do governante não pode servir como um arremedo de parlamentarismo ou como a redenção para o arrependimento do voto dado. Longe disso, o impeachment é um recurso extremo para casos raros. E, definitivamente, não é esse o caso.
O impeachment serve para situações muito graves, porque inevitavelmente vem acompanhado de um custo político e econômico muito grandes.
Mas, especificamente, o impeachment de Guerra, na total ausência de crimes comprovados, seria um despropósito, o efeito acabado da insensatez gerada pela inconformidade com o resultado das urnas, pela perda total de coordenação política e pelo oportunismo de grupos da oposição.
Por isso, Daniel Guerra está certo ao afirmar que o pedido contra ele banaliza o impeachment. E eu vou mais além, e afirmo que esse oportunismo inibe o amadurecimento da política caxiense.
Porque é preciso entender que a alternância do poder pelo voto fortalece o debate sobre o futuro da cidade, permite contrapor projetos e compreender que as políticas de governo precisam corresponder às promessas de campanha.
Mas, mais do que isso, é preciso aprender que não é pelo confronto que se avança, mas pelo entendimento, e que a crise exige dos líderes políticos, e de toda a sociedade, um esforço pra garantir as condições de governabilidade que nos permitam conduzir a cidade pelos quatro anos de mandato de qualquer prefeito e, neste caso, até 2020.
E lá, a menos que algo extraordinário aconteça, vai ser novamente o voto nas eleições – e não o impeachment – a melhor maneira pra julgar o prefeito Daniel Guerra.
