Comportamento

Impeachment, vila em quarentena e eleições: o 2020 de Farroupilha

Foto: Arte/Leouve
Foto: Arte/Leouve

O ano de 2020 foi atípico em todos os sentidos. Se para algumas pessoas ele foi um ano de perdas e de tristeza, para outros, foi um ano de aprendizado e realizações. O fato é que a dobradinha de duas dezenas ficará marcado para sempre na história de toda a humanidade. O ano em que uma pandemia atingiu a todos de uma forma ainda incalculável, trouxe para a cidade de Farroupilha outra grande novidade.

Pela primeira vez, em 86 anos de história, a cidade viu um prefeito sofrer um processo de impeachment. Por 10 votos a 4, e uma abstenção, os 15 vereadores da 18ª Legislatura de Farroupilha decidiram, em maio, que Claiton Gonçalves não deveria seguir prefeito da cidade. Houve até mesmo comemorações em forma de meme.

Foi também no Berço da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul que os primeiros casos suspeitos da Covid-19 foram registrados na Serra Gaúcha. Uma localidade passou 15 dias em lockdown completo, sem que ninguém entrasse ou saísse da pequena Vila Jansen.

Local de visitação de centenas de milhares de pessoas todos anos, o Santuário de Caravaggio viu a sua romaria ocorrer de forma on-line. E a estátua de Nossa Senhora, localizada às margens da RCS-453, viu uma campanha política mais curta, com máscaras e tendo a internet como campo de debates e ataques, ser ganha por um progressista, 24 anos após Avelino Maggioni assumir, em 1996.

O Portal Leouve traça uma retrospectiva dos principais fatos que marcaram o ano na cidade.

Em janeiro, a expectativa era de que o então prefeito, Claiton Gonlves, entrasse para o último de seus oito anos à frente da prefeitura, para apresentar obras, realizações e tentar emplacar o seu sucessor. O nome da então secretária de Educação, Elaine Giuliatto, já começava a surgir em rodas de conversas. Porém, tudo muda em 4 de fevereiro, quando o empresário Glacir Gomes, protocola, na Câmara de Vereadores, o primeiro pedido de impeachment contra Claiton.

O pedido acabou não sendo aceito. Porém, um segundo, e ainda um terceiro pedido, este último pela Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Farroupilha, foram feitos. Acolhidos pelo Plenário da Câmara, Claiton pode se defender. No dia do julgamento, em 15 de maio, ele teve uma hora para usar a palavra, conversou com cada um dos 15 vereadores, contou histórias sobre todos e pediu ajuda.

Não foi suficiente e, por volta das 20h40min daquela sexta-feira, Farroupilha, com 86 anos, via um prefeito ser impichimado. Passados sete meses de sua saída, Claiton voltou a se dedicar a medicina. Com os diretos políticos cassados por oito anos, ele disse não saber se voltará a concorrer a um cargo eletivo.

Ainda em meio ao processo de impeachment, a pandemia da Covid-19 já se fazia presente em Farroupilha. Foi em 27 de fevereiro, que a secretaria da Saúde foi notificada sobre dois homens, de 32 anos, que haviam retornado da Itália, e que estavam com sintomas que poderiam ser do novo coronavírus. O primeiro caso no Brasil havia sido confirmado um dia antes. Os dois casos acabaram sendo descartados.

No dia 10 março, o Rio Grande do Sul registrou o seu primeiro caso. Em Farroupilha, o primeiro caso confirmado foi em 18 de março: um morador da Vila Jansen, de 37 anos, que havia retornado da Inglaterra foi diagnosticado com a doença. A prefeitura, como medida de segurança, fechou a localidade. Os moradores não podiam sair, nem outros entrar na comunidade.

A primeira morte foi confirmada na madrugada de 4 de maio. Um homem, de 86 anos, foi a primeira vítima da doença na cidade. Ao longo do ano, em meio a decretos, pedidos de cuidados e muita discussão em torno de ações efetivas para que a economia da cidade e a saúde não fossem prejudicadas, Farroupilha viu 28 cidadãos perdem a vida por conta da doença.

Com o discurso de que “devemos continuar” e em meio, para variar, de muita polêmica, as eleições municipais foram confirmadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Com a campanha mais curta, e com nova data. Ao invés do tradicional começo de outubro, elas ocorreram em todo o Brasil no dia 15 de novembro.

A terra do Salto Ventoso, que sofreu com a estiagem, e agora tem todas as suas ligações asfaltadas, viu quatro postulantes disputarem o cargo de chefe do Executivo. Fabiano Feltrin, Pedro Pedrozo, Glória Menegotto e Sedinei Catafesta, foram às ruas, de máscaras, em busca dos votos dos 56,2 mil farroupilhenses aptos.

Após entrevistas, debates, e pesquisas, o final do domingo, 15 de novembro, foi de festa para Fabiano Feltrin e seu vice, Jonas Tomazini. Os dois foram eleitos com 20.240 votos para comandar a cidade nos próximos quatro anos. Com um secretariado já anunciado, eles tomam posse na próxima sexta-feira (01). Os novos vereadores também serão empossados.

Em um ano que foi marcado pela solidariedade entre as pessoas, Farroupilha viu muita coisa acontecer. Para a cidade que ainda é jovem, 2020 deixa aprendizados, lições e a esperança de novos dias no ano que começa.