A minha colega de programa Sem Nome e ex-reitora do Instituto Federal, Cláudia Schiedeck nunca escondeu sua condição de militante do PT de primeira hora. Já concorreu a vereança e para a prefeitura de Garibaldi representando a sigla da estrela solitária.
Mas, na condição de reitora de mulher das letras, além da convicção política, de uma visão de mundo e da defesa intransigente de seus pares, é mulher experiente e conhece algumas artimanhas da política. Ela vaticinou quando do impeachment da presidente Dilma que estava aberta a porteira para que qualquer mandatário eleito, de reitor a presidente da República, de prefeito a governador, ser expurgado do cargo, desde que não contasse com a simpatia do legislativo ou do Conselho a quem deva prestar contas. Esta semana tivemos mais exemplos da exatidão do prognóstico da Cláudia. Não faz muito tempo que em Montenegro o prefeito eleito teve seu cargo cassado. Em Santa Catarina um Reitor se suicidou por não aguentar a infâmia e o que julgou exposição injusta. Em Caxias se tentou o mesmo contra Guerra. Não deu. A Câmara de Porto Alegre enterrou tentativa semelhante contra Marchezan dias atrás.
Eis que esta semana um advogado de Bento Gonçalves, Claimer Accordi, com filiação partidária no PTB ofereceu denúncia à Câmara pedindo o impedimento do prefeito Guilherme Pasin. Trata-se de peça robusta com elementos plausíveis. Não entrarei no mérito dos mesmos até não conversar com quem domine a questão. Até porque não será o embasamento técnico o que vai determinar o futuro do prefeito Pasin. Este até poderá incomodá-lo, expô-lo, desgastá-lo politicamente, afinal esta é uma notícia que ganha corpo e se espalha além fronteiras.
O que definirá o futuro de Pasin são os mesmos elementos que definem a permianência de Temer na presidência e de Aécio no Senado: o apoio político no Congresso. No caso o apoio que Pasin tem dos vereadores e o quanto isto possa custar.
Aqui, se sabe, existe um vereador sem escrúpulos de dizer que é contra a atual administração, mais dois, no máximo três, que eventualmente votam contra os interesses do executivo. Pouco, muito pouco, para que a admissibilidade do processo contra o prefeito tenha seguimento.
Leio que não está descartado o pedido de vistas para a votação de segunda-feira na Câmara sobre o recebimento ou não do pedido de Accordi. Não creio que o Executivo permitirá este pedido de vistas. É muito melhor que se abafe o caso de uma vez. Que tudo não passe de fogo de palha. Só há uma chance do pedido de vistas prosperar e novamente me amparo nos casos de Brasília: tempo para barganhar cargos e benesses. Ora, como se sabe que a Prefeitura nestes tempos é vaca magra que mal fica em pé, não há muita margem para barganhas.
Não estou isentando a administração de erros, inclusive alguns que esta administração apontou contra os que a antecederam. Não sei até que ponto os gastos descontrolados em ano eleitoral serviram para influenciar no resultado das urnas. São questões que ganharão corpo fora do ambiente da Câmara, porque ali, minha aposta é de que já na segunda-feira tudo seja varrido para debaixo do tapete. Depois se discute os argumentos do advogado Accordi, mas apenas como exercício de retórica e de campanha política. Mas, posso estar completamente errado. A Cláudia, neste caso, não esteve.