Polícia

Idoso em situação análoga à escravidão é resgatado em Quaraí, na Fronteira Oeste do RS

O homem, de 64 anos, estava há três anos e meio em uma granja trabalhando sem receber salário

(Foto: MPT / Divulgação)
(Foto: MPT / Divulgação)

A Polícia Civil, junto com o Ministério Público do Trabalho (MPT), resgatou, na tarde desta quarta-feira (20), um idoso em situação análoga à escravidão em Quaraí, na Fronteira Oeste do Estado. O homem, de 64 anos, estava há três anos e meio em uma granja, trabalhando na ordenha de vacas, corte de lenha, trato de gado e manutenção de parreiras.

Após ser internado com dores na coluna e outros problemas de saúde, no início do mês de abril, sua condição de trabalho foi revelada à psicóloga que acompanhou o idoso.

O senhor relatou que trabalhou durante todo esse tempo sem receber seu salário, e ainda complementou que, segundo o MPT, era constantemente submetido a humilhações, alvo de ofensas racistas e não recebia uma boa alimentação, chegando a se obrigar a comer frutas colhidas do chão da fazendo para matar sua fome.

(Foto: MPT / Divulgação)

De acordo com o resgatado, o dono da fazenda teria retido seus documentos pessoais, e alegou que, muitas vezes, dormia ao relento, e que seu alojamento na granja era um galpão precário, construído com tábuas e folhas de zinco e piso de terra batida.

O espaço era mantido como depósito de materiais, de rações para animais e de venenos para a lavoura, além de ser constantemente infestado por ratos e pulgas. A força tarefa localizou o galpão e comprovou as condições de hospedagem, inclusive com a presença de galinhas e agrotóxicos no alojamento, o que é considerado incompatível com a dignidade humana.

A Polícia Civil ouviu o dono da granja, que confirmou apenas em parte as condições de hospedagem e trabalho. Se for condenado, além de ter que custear as multas e demais despesas, o homem pode ser preso.

O idoso será encaminhado à assistência social do município para que providencie condições dignas de hospedagem após a alta hospitalar, e, receberá o seguro-desemprego em razão do ocorrido. Serão cobradas, ainda, verbas rescisórias e indenizações para a vítima de trabalho escravo.

(Foto: MPT / Divulgação)
(Foto: MPT / Divulgação)