Desde agosto deste ano, quando a secretaria de Transportes de Caxias do Sul passou a centralizar as reclamações dos usuários do transporte coletivo na cidade no serviço de reclamações conhecido como Alô Caxias, a fiscalização flagrou uma série de falhas no atendimento aos usuários que resultaram em autuações contra a empresa Viação Santa Tereza Caxias (Visate). A maioria dos casos se refere à constatação das denúncias relativas a atrasos e trajetos ignorados. Mas, embora sejam exceções em um cenário de resultados positivos, as reclamações muitas vezes vão além das questões operacionais. E diversas delas nem chega ao conhecimento dos fiscais.
É o caso do relato de uma senhora de 80 anos, que procurou o Portal Leouve para denunciar constrangimento na tarde desta sexta-feira, quando subiu no ônibus que fazia a linha Montes Claros em direção ao centro por volta das 15h. De acordo com a senhora, que não quis se identificar, o motorista do ônibus a desrespeitou verbalmente quando, segundo ela, questionou a insegurança de uma criança de aproximadamente três anos que estaria sentada na caixa de câmbio do veículo.
De acordo com a mulher, moradora do bairro Kayser, ao entrar no ônibus nesta tarde, ela percebeu o risco e perguntou ao motorista sobre a situação. Segundo ela, o motorista afirmou que seria filho dele, ao que ela voltou a questionar:
“E se alguém, um carro, um ônibus, ou um motoqueiro atravessa na tua frente, como essa criança fica, ela vai parar lá na vidraça”.
Segundo a denúncia, a reação do motorista teria sido mandar que ela fosse “cuidar da própria vida”. Ela garante que o funcionário ainda recomendou a ela que ligasse para a empresa para reclamar e ainda teria chamado a idosa de “velha”.
“Quando eu desembarquei, me chamou de velha e não sei o que mais”, afirmou.
Segundo ela, esta não é a primeira vez que relata uma queixa contra o comportamento de um motorista da empresa. Em outra ocasião, ela afirma que o motorista a impediu de sentar nos bancos da frente, que estavam ocupados por uma criança brincando. “É minha filha”, teria justificado o motorista. “Passa o cartão e vai lá atrás”, teria dito a ela.
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A Visate, que desde que o Procon passou a sistematizar as reclamações que recebe, em janeiro deste ano, jamais apareceu entre as dez empresas campeãs de reclamação na cidade, afirmou que desconhece o caso, mas informou que não é permitido transportar os filhos. A assessoria de comunicação garante que a empresa se esforça para prestar o melhor serviço e orienta à passageira a registrar o caso no Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa.
Depois disso, a empresa deverá apurar o fato. “Primeiro lugar, ele não poderia levar o filho. Talvez ele tenha tido algum problema, mas deveria comunicar a empresa, jamais levar o filho junto”, diz um comunicado da assessoria da Visate, que assegura que vai apurar a veracidade da situação.
“Toda a informação é válida, certos ou errados, e mesmo se não for verdade, o motorista será chamado para conversar sobre o caso”, antecipa.
Para a senhora, que avalia que “o motorista está no lugar errado”, a situação vivida nesta sexta-feira “é o cúmulo”.
Como denunciar no Alô Caxias
O Alô, Caxias atende no 156 desde outubro, de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 19h30min. Em alguns sábados há atendimento ao meio-dia. Desde outubro deste ano, o canal recebe reclamações de atrasos, voltas incompletas, excesso de passageiros em determinadas linhas, entre outras demandas. O cidadão pode registrar alguma reclamação ou um solicitar atendimento. O objetivo principal é incentivar os usuários a assumirem o papel de fiscais, fazendo com que o problema chegue de forma detalhada à secretaria. É necessário informar o nome, número do CPF, além de detalhes sobre a linha do ônibus. A demanda é enviada à secretaria dos Transportes, que direcionará para o setor responsável dentro da pasta. Todas as reclamações são verificadas e o contribuinte recebe retorno da questão informada. Se o problema demorar para ser solucionado, o reclamante deverá entrar em contato mais uma vez utilizando o número cedido. Se persistir, é possível encaminhar um ofício diretamente aos cuidados da secretaria.
Edição: Rogério Costa Arantes
