A superintendente do Hospital Pompéia, Lara Sales Vieira, anunciou em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, dia 16, o encerramento da prestação de serviços da ala da maternidade da instituição, sendo para os atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e rede privada. O fechamento da maternidade leva em conta o levantamento financeiro da instituição, além da prioridade de atendimento para os serviços de alta e médica complexidade para 40 especialidades. O prazo de encerramento total das atividades será em 90 dias.
Na parte da tarde, a prefeitura de Caxias emitiu uma nota oficial a respeito da manifestação. De acordo com o documento feito em conjunto entre prefeitura e a o Governo do Estado, o ofício recebido do Hospital Pompeia, assinado pela superintendente Lara Sales Vieira é considerado inaceitável, com condições que dificultam a renovação de contrato.
Numa parte do documento que pode ser lido aqui na íntegra, relatava a surpresa da prefeitura:
“O Município de Caxias do Sul recebeu o ofício com surpresa, visto que, por inúmeras vezes, fez a tentativa do diálogo em benefício do atendimento da população caxiense, que se soma aos 48 municípios da Região Nordeste do Estado. Saliente-se que, no ofício, a administração do Hospital Pompeia ratifica posição de que não pleiteia mais recursos para a instituição.”
Já na manhã desta quarta-feira (17), o Hospital Pompéia encaminhou também para a imprensa uma nota oficial. No documento de seis páginas. O documento contradiz algumas informações anunciadas pela nota de da prefeitura. Confira parte da nota:
“Em resposta à Manifestação Oficial da Prefeitura Municipal de Caxias, salientamos que a apresentação da nossa proposta de alteração dos termos contratados é mais uma etapa da negociação que vimos realizando há meses e de forma transparente. Trouxemos dados reais do nosso contexto e buscamos a construção de uma solução e evolução. Desde a origem do Hospital Pompéia, nosso compromisso sempre foi com a comunidade, oferecendo-lhe atendimentos de excelência. E é por isso que primamos. Analisando o conteúdo da referida manifestação, verificamos incongruências, que só contribuem para a desinformação da população e gera desgastes nas relações de todos os envolvidos. Vamos a elas:
Quando afirmam:
“Em reunião na tarde desta terça-feira (16/08), representantes do Município de Caxias do Sul, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, Conselho Municipal de Saúde e União de Associações de Bairros avaliaram medidas a serem adotadas diante de manifestação oficial da direção do Hospital Pompeia de descredenciar e reduzir serviços atualmente prestados ao Sistema Único de Saúde. A posição do grupo está expressa na nota abaixo.”
Verificamos o uso de grupos representativos e de grande importância para a opinião pública, visando influenciá-la. O uso de vínculos com instituições traz credibilidade à nota. Contudo, os representantes da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores e da União
de Associações de Bairros informaram oficialmente aos dirigentes do HP que não concordavam com a mesma e que, portanto, não a assinaram até o momento.
No trecho seguinte temos:
“O Município de Caxias do Sul, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, representado pela 5ª Coordenadoria de Saúde, manifesta repúdio ao ofício recebido do Hospital Pompeia, de Caxias do Sul, assinado pela superintendente Lara Sales Vieira, em que fixa termos inaceitáveis para a renovação de contrato de prestação de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS )”.
Aqui o verbo FIXAR induz a interpretação errônea do leitor que não teve acesso ao documento na íntegra, nem participou da coletiva de imprensa promovida pelo hospital. O documento é fruto de um estudo minucioso da realidade do Pompéia, considerando os contextos nacional e local, que busca soluções de menor impacto para a sociedade, mas que sejam mais perenes e, portanto, não paliativas. O texto do documento do Pompéia informa de modo explícito que se trata de um estudo que “revisou números e submete a
vosso conhecimento as considerações e conclusões” e que é a apresentação da “realidade para que em comum acordo as partes construam um novo cenário”: O Pio Sodalício das Damas de Caridade de Caxias do Sul, pessoa jurídica de direito privado mantenedora do Hospital Nossa Senhora de Pompéia, vem perante V. Exª., informar que visando cumprir a legislação federal que
garante a filantropia, revisou números e submete a vosso conhecimento as considerações e conclusões. (…) Considerando as razões expostas e visando preservar a perenidade da Instituição, trazemos a realidade para que em comum acordo as partes construam um novo cenário.”
Em relação ao atendimento Materno-Infantil, a descontinuidade dos serviços é um tema que há anos tem sido discutido e, embora estejam envolvidos aspectos emocionais ligados à história do Pompéia e da comunidade, é fato que outras instituições de saúde são referências nesta área, desejam e estão mais habilitadas a entregar um atendimento de excelência à população.
Temos consciência que o tema é polêmico, difícil, complexo, mas necessário. Precisamos compreender que enquanto outras instituições podem oferecer um atendimento de excelência ao Materno-Infantil, outros serviços como cirurgias de alta complexidade nas especialidades de traumato-ortopedia e neurocirurgia só o Pompéia pode oferecer, pois é o único hospital com o setor de emergência aberto 24h, para a execução de tais cirurgias. E é nelas que temos que focar nossos esforços para bem atender à população.
Não temos dúvidas de que a solução para a área da saúde se dará por meio da maturidade e competência dos envolvidos, que reconhecem suas competências e as de seus pares.
Exemplo disso é o que ocorreu com o Hospital São Lucas da PUCRS (Porto Alegre/RS) que, em 14 de junho de 2020, fechou o seu setor Materno-Infantil que passou a ser atendido pelo Hospital Presidente Vargas.”
Confira aqui a nota na íntegra: Pompéia resposta à Manifestação