Comportamento

Historiador de Caxias do Sul comenta sobre o bicentenário do Brasil

Historiador de Caxias do Sul comenta sobre o bicentenário do Brasil
Foto: Reprodução Vídeo

Em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro I proclamou a sua famosa frase de “Independência ou Morte”, rompendo laços do Brasil com Portugal. Ao completar 200 anos da independência do Brasil, o coordenador do Programa de Pós-graduação em História da Universidade de Caxias do Sul (UCS), professor e historiador Roberto Radünz, nos conta como a história vê esse rompimento.

Os portugueses chegaram em terra brasileira e se instalaram para aproveitar as riquezas do país em 1500. Ocorreram extrações principalmente do pau-brasil, da produção de açúcar e do ouro de Minas Gerais. Neste período há um pacto colonial, os brasileiros só poderiam fazer comércio com Portugal. Portanto, Radünz explica que a independência foi contra esse pacto colonial, pois o Brasil continuou tendo domínio da elite portuguesa. 

” Foi uma independência feita a  revelia do povo e uma independência das elites para as elites, com vistas a manter a estrutura produtiva, não mais de comércio internacional, mas produtiva, baseada no latifúndio e na mão de obra escrava, sobretudo.”

Em 1891 teve início a república. Atualmente, segundo o historiador a relação entre Brasil e Portugal é boa, bem diferente do que foi logo após a proclamação da independência.

Roberto Radünz, acredita que trazer o coração de Dom Pedro I para o Brasil, nessa comemoração de 200 anos tem cunho político. Ele não acredita que haja relação com o patriotismo brasileiro. Na visão de Radünz, pelo que a história conta, nem os desfiles cívicos podem ser considerados uma apropriação da nação brasileira. 

Os desfiles cívicos surgiram após o golpe de 1964, quando foram impostos para a população pelos militares como uma manifestação.

“Vejo que no Brasil essa independência feitas às avessas e para as elites em construir um Estado, mas não construiu uma nação. O que é o brasileiro no século 19? Diante de um cenário onde pelo menos um terço das pessoas que estavam estavam na condição de escravidão? Então, que nação é essa? Essa crise de nacionalidade ela é uma marca que a gente tem, que vem do século 19 e passa pelo século 20.

Após esses 200 anos, Roberto Radünz, resume que o Brasil tem grandes chances de avançar significativamente. Porém, precisa de um projeto que pense no povo brasileiro e no seu desenvolvimento.

Confira a entrevista completa com o professor nestes 200 anos da independência do Brasil