O prefeito Daniel Guerra visitou na tarde desta terça-feira, dia 30, o que talvez seja o principal problema da saúde pública em Caxias do Sul: o Pronto Atendimento 24 horas. A visita faz parte de um novo projeto do executivo, chamado de Gabinete Itinerante. No local, Guerra ouviu os usuários do Postão, chamou os médicos grevistas de irresponsáveis e desumanos e disse: “não economizaremos nenhum centavo em saúde pública”.
Durante a conversa com os usuários, o prefeito atribuiu a demora no atendimento do Postão aos médicos grevistas. “Nós, além de descontar o salário dos médicos irresponsáveis que faltam ao serviço, estamos abrindo procedimento para que eles sejam responsabilizados e que nós possamos trazer mais médicos do programa mais médicos. Nós precisamos que o povo seja atendido. Isso é muito injusto, muito covarde, vermos uma situação como essa em que a população precisa do atendimento e a gente não consegue entender essa falta de humanidade, de sensibilidade, daquelas pessoas que assumiram um juramento de que atenderiam o povo na sua profissão”, afirmou o prefeito.
A declaração do prefeito diverge do entendimento do Secretário de Saúde, Fernando Vivian, que na semana passada afirmou que a superlotação não era causada pela greve dos médicos e que as próprias UBSs estavam buscando alternativas para os pacientes. “Muita gente achou que o serviço de urgência estava sendo usado para outros fins por causa de paralisações ou por déficit de médicos na rede básica, quando hoje estamos vendo que as próprias unidades estão recriando modelos com assistência, com equipes de enfermagem, com acolhimento, que é o princípio básico do SUS”, disse o secretário em entrevista ao Portal Leouve na semana passada.
Durante a visita na tarde desta terça-feira, Guerra também destacou a aquisição dos remédios por parte do município. Segundo ele, quando assumiu o governo, nem o Postão 24h e tampouco as UBSs contavam com os medicamentos. “Já resolvemos o problema da falta de remédios, que era uma vergonha. Não tinha remédios no PA quando assumimos. Não tinha remédios nas 47 UBSs. Nós investimos o dinheiro que economizamos com o corte com despesas desnecessárias como festas e botamos na conta desses medicamentos. Mas não basta só o remédio, a gente precisa de atendimento”, discursou o prefeito.
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Ainda conforme Guerra, a atual situação do Postão é culpa de administrações anteriores que, segundo ele, priorizavam festas em detrimento de outras áreas prioritárias. “A culpa é uma história de negligência com a saúde. A saúde ao longo das gestões passadas não foi tratada com a responsabilidade e seriedade que precisava. Se dizia que não tinha dinheiro para comprar remédios, mas tinha dinheiro para festas e despesas desnecessárias. Nós precisamos corrigir equívocos históricos da falta de respeito com o usuário da saúde pública. Nós não economizaremos nenhum centavo com o investimento em saúde pública”, finalizou.
A reportagem conversou com uma das pacientes que aguardava atendimento durante a visita do prefeito. Ela aprovou a atitude, mas lamentou a demora com que os problemas são resolvidos. “O prefeito é bom, só que as atitudes demoram muito para ter resultado”, resumiu.
