Bento Gonçalves

TRF confirma condenação de quadrilha presa por tráfico em 2013 em Bento

TRF confirma condenação de quadrilha presa por tráfico em 2013 em Bento
Operação desarticulou quadrilha em 2013 em Bento (Foto: arquivo)

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou a condenação por tráfico internacional de drogas um grupo criminoso que vendia entorpecentes em Bento Gonçalves. A sentença condenou seis pessoas por tráfico internacional de drogas. Os seis réus foram denunciados por comprar drogas no Paraguai e em Balneário Camboriú (SC) e revenderem na serra gaúcha. O esquema foi descoberto pela Operação Antares, da Policia Federal (PF), deflagrada em 2013.

Na época, houve três prisões em Bento Gonçalves, em cumprimento de mandados de busca e apreensão, e foram recolhidos meio quilo de cocaína e armas que estavam em uma caminhonete. Ainda foram localizadas dinamites. Também foram apreendidas balança de precisão e uma prensa.

O foco da investigação era o operador e narcotraficante Paraguaio, Aristides Ayala Elizeche, foragido do sistema prisional brasileiro que vendia droga para Bento Gonçalves. “Ele enviava para dois irmãos em Bento Gonçalves, que faziam o reprocessamento da droga”, disse à época o delegado da Polícia Federal em Caxias, Noerci da Silva Melo.

No município, de acordo com a polícia, um dos controladores do esquema era o empresário do ramo moveleiro Loreno Scarton, hoje com 76 anos, que trazia mercadorias do Paraguai “em fundos falsos” nos caminhões de sua fábrica, e funcionava como uma espécie de avalista do grupo. Os irmãos eram Darci, hoje com 51 anos, e Valdelir Fleck, com 40 anos atualmente, comandavam o esquema, refinavam a droga e distribuíam a traficantes da região.

Por meio de escutas telefônicas, a Polícia Federal tomou conhecimento das ações do grupo e, em maio de 2013, prendeu um de seus membros enquanto transportava mais de 37 kg de cocaína do Paraguai para Foz do Iguaçú (PR). As gravações também revelaram a conexão dos integrantes com uma dupla de Balneário Camboriú.

Na aquisição da droga, os principais compradores eram os dois irmãos, com histórico de aproximadamente duas décadas de atuação no tráfico internacional estabelecidos em Bento. As investigações apontaram que o grupo associou-se a empresários da região de Bento, que operacionalizam o ingresso da droga no Brasil, feita em fundos falsos estruturados em caminhões, em meio a carga de produtos legalizados, como resíduos plásticos recicláveis.

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação contra integrantes do grupo e, também, contra os contatos da associação na cidade catarinense. A sentença proferida pela Justiça Federal de Bento Gonçalves condenou seis integrantes da associação, entre eles o empresário e os dois irmãos, mas absolveu os dois contatos de Balneário Camboriú por não considerá-los parte daquele grupo, mas uma associação diferente com quem eles estabeleciam contato.

Entre os seis réus estão os dois irmãos moradores de Bento Gonçalves considerados líderes do grupo, que foram condenados a 14 anos e oito meses de prisão. Dos outros quatro réus, dois foram condenados a cinco anos, um a cinco anos e 10 meses e outro a cinco anos e cinco meses de reclusão.

Os réus apelaram ao tribunal, alegando que as interceptações telefônicas que fundamentaram a denúncia foram ilegais e, também, que não há provas para caracterizar a associação ao tráfico.

A 8ª Turma do TRF4 decidiu, por unanimidade, negar as apelações. O relator do caso, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, entendeu que a associação ao tráfico foi comprovada pelas provas produzidas. O magistrado sustentou, também, a legalidade das gravações.

“Nessas situações os réus agem com muito cuidado, alteram com frequência os números de telefone e têm por hábito realizar seus negócios sempre pessoalmente, como forma de evitar qualquer vestígio de suas condutas. Desse modo, o expediente da interceptação telefônica é imprescindível para a autoridade policial, oportunizando-lhe acompanhar a dinâmica do grupo e elucidar os fatos, não havendo nulidade a ser reconhecida”, concluiu.