Por ser a primeira grande feira do agronegócio após o anúncio do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), a Expointer 2019 está sendo um grande palco de discussões sobre o tema. Com o caso das queimadas na Amazônia, as incertezas em torno do tratado aumentaram – e a necessidade de discuti-lo também. Ao menos quatro dos debates programados para os nove dias de feira no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, têm o acordo como principal temática.
Considerado o mais ambicioso da história do Mercosul, o acordo entre os blocos permitirá a eliminação de taxas para mais de 90% das transações entre Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e 28 países europeus. Se por um lado potencializará as exportações brasileiras, por outro, traz insegurança a empresários em relação à competitividade dos produtos locais frente aos importados.
“O assunto já está sendo muito discutido na Expointer porque representantes de diversas cadeias produtivas estão na feira e têm muitas dúvidas. Mesmo porque o acordo foi firmado e divulgado, mas ainda não temos todos os detalhes”, afirma o secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho.
“Aqui na secretaria temos duas grandes preocupações: as cadeias do leite e do vinho. Já estamos discutindo no governo incentivos que possam tornar os setores mais competitivos e estamos propondo seminários e espaços de discussão para estimular, planejar e tentar sanar as dúvidas. O acordo deverá ser efetivamente implementado em dois ou três anos e precisamos estar preparados para encará-lo”, acrescentou Covatti.
O primeiro debate sobre o tratado ocorreu na segunda-feira (26/8), no encontro de cooperativas gaúchas com a Frente Parlamentar da Agropecuária-Câmara Federal, na casa da Ocergs/Sescoop na Expointer. O próximo ocorre nesta quarta-feira (28/8). Promovido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) e pelo Canal Rural, trata-se do Fórum Canal Rural: “Mercosul e União Europeia – Impactos do Acordo na Agricultura”.
Na sexta-feira (30), estão previstas mais duas atividades. A primeira, às 14h, na Arena Canal Rural, é a audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária no Senado juntamente com a Assembleia Legislativa gaúcha, cujo tema é “O Acordo Econômico entre o Mercosul e União Europeia”.
Para o debate, estão previstas as presenças da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, do secretário Covatti e de diversos parlamentares. Foram convidados representantes do Ministério da Economia, da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS) e da Fetag/RS.
“Precisamos ter bem clara a visão para exportar para a União Europeia. Lá, os produtores receberam, no ano de 2017, US$ 104 bilhões em subsídios. No Brasil, não chega a 10% desse valor. Além disso, nossa carga tributária chega ao absurdo de ultrapassar os 30%. Eles têm a carga tributária de 7% a 10% nos alimentos”, explicou o senador Luis Carlos Heinze, que é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e quem requisitou a audiência na Expointer.
Para o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, o acordo é positivo. “A grande vantagem do acordo é que obriga os quatro países do Mercosul a se modernizarem, ou seja, baixarem seus custos tributários e diminuírem o tamanho do Estado para seguirem sendo competitivos do mercado nacional e internacional”.
Na tarde de sexta, a Conexão Rural e a União Brasileira dos Agraristas Universitários (Ubau) promovem o Fórum Rural do Mercosul: “E agora? Ajustes e soluções para o êxito no acordo com a União Europeia”, no auditório da Federacite.