A obra “Divisões Granulométricas”, do fotógrafo caxiense Gustavo Juber, integra a exposição Ambit (ambitdegree.com), promovida pelo curso de Belas Artes da Universidade de Ciências Aplicadas de Tampere (TAMK) e pela galeria Himmemblau, na Finlândia. Ao lado de outros 13 artistas que estão se formando, ele expõe sua visão de mundo em seis trabalhos, sendo quatro fotografias, uma instalação com areia e um vídeo, que ficarão expostos até o dia 4 de abril.
Um dos destaques é a projeção do vídeo em uma instalação com 500 quilos de areia extraídos da cidade finlandesa de Loppi. “O objetivo da minha nova obra é redescobrir os velhos tempos, revelar como chegamos até onde estamos agora e provocar a conversa sobre como pretendemos gerir a nossa forma de enfrentar a crise climática senão aprendendo com os erros do passado”, explica Juber. Para isso, o trabalho exibe mapas de diferentes áreas ao lado de fotos antigas de Rataniemi em 1900, usando a areia como uma tela para desvendar o passado da cidade de Tampere, na Finlândia. “Um dos eskers (depósito de materiais provenientes de erosão provocada pelo degelo de glaciares) mais antigos do planeta foi extraído da região de Ratina, remodelando a identidade de Tampere no que até hoje é conhecido como Ratina Stadion”, completa.
A partir de fatos, o artista convida o espectador ao olhar crítico para o assunto. Conforme Juber, a Finlândia é conhecida por ser transparente sobre as questões ambientais e por cumprir as suas promessas juntamente com as estratégias e metas climáticas da União Europeia. Porém, há empresas, como a Stora Enso e a UPM, que são grandes papeleiras finlandesas com sede na América do Sul.
“O objetivo é provocar, levar a sociedade finlandesa, e quem mais conhecer o trabalho, a falar alto sobre as questões ambientais. A areia, apesar de ser uma das mercadorias mais importantes do mundo, recebe pouca ou nenhuma importância. Como podemos ver em Balneário Camboriú, por exemplo. Trata-se da matéria-prima mais consumida depois da água e um recurso indispensável no dia a dia, desde a pasta de dente até os microchips”, ressalta Juber. Ele detalha que os Estados Unidos são os maiores consumidores mundiais, com 97 milhões de toneladas/ano, seguidos pela China, com 88 milhões de toneladas/ano, e por Singapura, que já esgotou os seus recursos de areia e, nos últimos 20 anos, importou mais 500 milhões de toneladas.
Com essa produção, Juber chama atenção para as transformações políticas e pede para o visitante tomar participação para que se construa um futuro viável e melhor, com menos desigualdade e destruição do meio ambiente. Mesmo que tudo isso possa parecer catastrófico, o artista reforça que trata-se exatamente do contrário. “Minhas obras apontam para o caminho de encontrarmos soluções criativas que mudem as nossas cidades de forma a permitir que gerações futuras desfrutem da vida tanto como nós desfrutamos no momento presente”, finaliza.