Falar em público é uma habilidade desafiadora para grande parte das pessoas. Atualmente, é uma das exigências do mercado de trabalho, que procura pessoas com qualificações profissionais e competências multifuncionais. Um orador que fala bem em público é alguém que compartilha ideias de forma eficiente e é capaz não só de informar, mas de influenciar e inspirar outras pessoas.
Para tanto, a mensagem, elemento central da fala em público, precisa estar alinhada com a voz e o corpo, estabelecendo-se uma harmonia entre o que é dito (comunicação verbal) e o modo como algo é dito, voz, gestos, postura corporal e expressões faciais (comunicação não verbal).
Contudo, tendo em vista que a fala em público envolve a exposição do falante perante uma audiência desconhecida, na qual o orador fica em destaque, ela é considerada um estressor psicossocial. Nesse contexto, quanto mais habilidades e estratégias de enfrentamento positivas o indivíduo tiver a seu dispor, mais possibilidades terá para aprimorar seu desempenho comunicativo e controlar o estresse da exposição em público.
Conforme relata a fonoaudióloga Clarissa Araujo Pedrotti, existem técnicas para evitar o desgaste da voz em grandes discursos: “A nossa voz é produzida na laringe, pela passagem de ar nas pregas vocais. As pregas vocais por sua vez são formadas por músculos e pela mucosa laríngea. Então é correto afirmar que voz é músculo. Partindo desta premissa se realizarmos técnicas vocais para aquecer a voz, preparar as estruturas laríngeas para as demandas vocais teremos menor esforço ao falar e aumentaremos a projeção vocal sem desgastes”.
Em ano de eleições, os debates entre candidatos são uma ótima opção para quem quer prestar atenção em oratórias. Notar a entonação da fala, os gestos usados, pode ajudar a perceber qual é a intenção do orador.
A entonação da voz durante o discurso pode alterar o sentido da fala do candidatos, ou até mesmo mudar o modo de como a população entende. “Um dos principais recursos comunicativos é a modulação ou entonação vocal. Aumentamos ou diminuímos o tom de nossa voz para enfatizar ideias e criar curiosidade sobre as informações transmitidas. De acordo com a intenção comunicativa percebemos que a pessoa fala mais grave quando denota seriedade e profissionalismo enquanto discursos com vozes agudas associadas à articulação sorridente podem denotar ironia ou imaturidade. O ideal é percebemos que nossa a voz transmite emoções, nossos pontos de vista e como estamos nos sentindo frente aquela situação. Desta forma, enfatizar a fala através de entonações expressivas, coerentes ao momento e sem exageros irá contribuir para transmitirmos nosso controle emocional e domínio do assunto”, ressalta.
A linguagem corporal, também chamada de não verbal, é uma forma de comunicação do nosso corpo, relacionada à maneira como ele se expressa. Candidatos devem ter cuidado para não cair na cilada de fazer algo e o corpo dizer outra.
“Nos expressamos através do que falamos, como falamos e por gestos e posturas que transmitimos. Não basta nos preocuparmos com a escolha da palavras e esquecermos a linguagem corporal. O corpo fala! Os gestos em torno do corpo, discretos e sem exageros denotam naturalidade e auxiliam na persuasão do discurso. Por sua vez, postura corporal descontrolada, gestos em frente ao rosto, punhos cerrados e olhar fixo podem construir uma imagem de agressividade”, completa Clarissa.